Realizado em amostras de tecidos de ratinhos e em células cultivadas, o estudo, publicado na revista Science Signaling, incluiu o mapeamento de diversos mecanismos moleculares e processos celulares que são como importantes meios de defesa das criptas do intestino delgado.

Na mucosa do intestino delgado existem pequenas invaginações – criptas – onde “células caliciformes” e outras células intestinais especializadas trabalham juntas para eliminar as bactérias, evitando dessa forma que elas se estabeleçam e invadam as células.

Segundo Brendan Dolan, da Academia Sahlgrenska da Universidade de Gotemburgo, ao utilizar microscopia avançada foi possível filmar, a nível celular, a secreção de muco na mucosa do intestino delgado.

O trabalho revelou ainda um mecanismo anteriormente desconhecido pelo qual o muco “empacotado”, que se formou dentro das células, se expande dentro da célula antes de ser libertado. Esse muco é armazenado em pequenas vesículas dentro das células caliciformes e, quando as vesículas se rompem no interior das células e as preenchem com o muco, as células esvaziam vigorosa e rapidamente o seu conteúdo.

Esta descoberta é relevante para a Doença de Crohn (DC), uma vez que a inflamação que lhe está associada afeta principalmente o intestino delgado.

O autor correspondente do estudo, Gunnar C Hansson, refere que há algum tempo se sabe que a doença tem início com bactérias a entrar nas criptas intestinais e a invadir as células aí. Se se entenderem os mecanismos pelos quais as bactérias são normalmente eliminadas, será possível desenvolver novas terapias para prevenir uma recaída na DC.

A doença de Crohn é uma doença crónica que pode afetar qualquer parte do aparelho gastrointestinal, desde a boca até ao ânus, mas que envolve mais frequentemente a parte terminal do intestino delgado (habitualmente chamado íleo), ou o intestino grosso (cólon).