Pessoas com DT2 respondem de forma diferente ao exercício
Praticar exercício físico com regularidade ajuda a prevenir e retardar o desenvolvimento de diabetes tipo 2 (DT2) e suas complicações. Investigadores do Instituto Karolinska, juntamente com uma equipa de cientistas internacionais, descobriram que a ativação do sistema imunológico no músculo esquelético durante o exercício pode estar por trás da diferença na forma como os indivíduos com DT2 percebem e respondem ao exercício.

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As pessoas com DT2 normalmente têm uma resposta inflamatória desregulada em vários tecidos, que está associada às complicações da doença, como resistência à insulina e doenças cardiovasculares. Neste estudo, os investigadores desvendaram um papel fundamental para as citocinas responsivas ao exercício, as exercinas, no desenvolvimento e crescimento do músculo esquelético em indivíduos com tolerância normal à glicose ou com DT2.
Segundo a líder do estudo, Juleen R. Zierath, em indivíduos com DT2, uma sessão aguda de exercício ativa o sistema imunológico de uma maneira distinta e melhorada em comparação com voluntários saudáveis.
Para o estudo, publicado na revista Science Advances, foram recrutados homens não treinados diagnosticados com DT2 juntamente com voluntários saudáveis de idade e peso corporal semelhantes. Foi-lhes pedido que realizassem uma única sessão de exercício num cicloergómetro.
A equipa de investigação recolheu, então, biópsias de sangue e músculo esquelético para medir a resposta ao exercício.
Foi possível descobrir que várias citocinas – moléculas produzidas pelo sistema imunológico em resposta ao stress –, foram produzidas no músculo esquelético de indivíduos com DT2. O efeito dessas citocinas foi testado em células em cultura para determinar se essas moléculas afetam a forma como as células do músculo esquelético reagem ao exercício.
Para a Professora Zierath, dados os efeitos promotores de saúde da prática regular de exercício físico no metabolismo e na função do músculo esquelético, a resposta inflamatória exacerbada em indivíduos com DT2 provavelmente é uma resposta benéfica ao exercício agudo. E a ativação do sistema imunológico provavelmente diminuirá se o exercício for repetido regularmente durante os regimes de treinos.
A redução da inflamação seria benéfica para o controle da glicose e para mitigar as complicações associadas a DT2.
Nicolas Pillon, primeiro autor do artigo, revela que agora é preciso entender como se pode modular a resposta inflamatória ao exercício. Fazer isso pode aumentar os benefícios do exercício e ajudar as pessoas a gerir melhor a DT2 com protocolos de treinos adequados.