ENXAQUECA

Enxaqueca: há dificuldades no acesso a consultas especializadas

Um estudo promovido pela MIGRA Portugal, Associação Portuguesa de Doentes com Enxaquecas e Cefaleias, permitiu concluir que existem dificuldades no acesso às consultas especializadas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), o que acaba por levar muitos doentes com enxaquecas e cefaleias a procurar ajuda em instituições privadas.

Enxaqueca: há dificuldades no acesso a consultas especializadas

DOENÇAS E TRATAMENTOS

CEFALEIAS, O MELHOR É NÃO PERDER A CABEÇA


A situação é tão complicada que cerca de 40% dos doentes referem não ter qualquer acompanhamento médico para estas patologias. Refira-se ainda que 60% dos doentes não estão satisfeitos com os tratamentos que fazem e que uma larga maioria afirma desconhecer os novos tratamentos disponíveis.

Denominado “Acesso aos Cuidados de Saúde na Enxaqueca e Cefaleias”, o estudo inquiriu 596 pessoas, onde se incluíram apenas pessoas com enxaqueca ou outras cefaleias. Importa referir que, desta amostra, 64% doentes são beneficiários de um seguro ou plano de saúde.
O objetivo foi caracterizar e conhecer melhor a realidade das pessoas que sofrem com enxaqueca e outras cefaleias, relativamente ao seu acompanhamento e acesso aos cuidados de saúde (consultas e tratamentos).

O estudo começou por fazer uma caracterização das pessoas inquiridas em que cerca de 40% dos inquiridos declararam que vivem com enxaqueca ou cefaleias há mais de 20 anos e 79% referem ter crises de mais de quatro dias por mês (14% mais de 14 dias, e 5% diariamente).

No que diz respeito ao acesso aos cuidados de saúde, cerca de 40% não têm qualquer tipo de acompanhamento médico e 54% das pessoas inquiridas procuram acompanhamento médico no privado. O diagnóstico é outra questão que se evidencia neste estudo, uma vez que cerca de 20% dos inquiridos revelam que visitam quatro ou mais médicos até chegarem à identificação da patologia, realçando-se ainda a dificuldade no acesso a consultas especializadas em cefaleias no SNS, o que acaba por levar muitas pessoas a procurarem ajuda junto das instituições privadas.

A juntar a estes números, sobressaem dois dados relevantes: 38,5% dos inquiridos não possuem qualquer acompanhamento médico para estas doenças e 70%, com acompanhamento médico especializado, são acompanhados em instituições privadas.

No que diz respeito ao tratamento, o estudo revela que 60% das pessoas não estão satisfeitas com o seu tratamento. Para além disso, e em termos de medicação, 55% não dispõem de conhecimento sobre o tratamento com toxina botulínica e 70% sobre o tratamento com medicamentos biológicos. Das pessoas inquiridas e que fazem tratamento preventivo, 30% só iniciaram este procedimento mais de cinco anos após o diagnóstico.

O estudo da MiGRA Portugal analisou ainda o fator financeiro e o seu impacto ao nível da enxaqueca e das cefaleias. Foi possível concluir que, mesmo que isso represente um maior esforço financeiro, as pessoas que não estão satisfeitas com o acesso aos cuidados de saúde, procuram soluções em unidades de saúde privadas – 25% mencionam que o valor da consulta é difícil de suportar e 20% dos inquiridos acompanhados no privado suportam a totalidade dos custos.

Os resultados do estudo revelam ainda que o rendimento médio dos doentes não é compatível com o valor dos novos fármacos preventivos. Tendo em conta a dificuldade de acesso a consultas especializadas no SNS, assim como o número de doentes que é impelido para o setor privado, conclui-se que a maioria dos doentes não tem acesso aos medicamentos de que necessita. Assim, quanto mais baixo o rendimento, maior a percentagem de doentes sem acesso a consulta especializada e acompanhamento pelo Médico de Família.

A enxaqueca é uma doença neurológica crónica que, atualmente, afeta mais de um milhão e meio de portugueses. No entanto, e apesar de envolver diversas esferas, nomeadamente pessoal, familiar e profissional, continua a ser uma doença subvalorizada, subdiagnosticada e subtratada, sendo, por isso, cada vez mais urgente sensibilizar a comunidade para o impacto desta doença na vida dos doentes.

Fonte: Tupam Editores

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