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Variantes de SARS-CoV-2 conferem proteção contra a Ómicron BA.5

As pessoas vacinadas que foram infetadas pelas primeiras subvariantes Ómicron têm uma proteção quatro vezes superior do que a das pessoas vacinadas que não foram infetadas. Estes resultados constam de um estudo agora publicado na prestigiada revista científica New England Journal of Medicine (NEJM).

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Segundo o NEJM, nos últimos meses, a variante Ómicron do coronavírus (B.1.1.529) tornou-se a variante dominante do coronavírus 2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV-2), exibindo algum grau de evasão imune. As subvariantes Ómicron iniciais, BA.1 e BA. 2, têm vindo a ser progressivamente substituídas pela BA.5 em muitos países, designadamente em Portugal, possivelmente devido à sua maior transmissibilidade e evasão parcial da imunidade induzida pela BA.1 e BA.2. A proteção conferida pela BA.1 contra a infeção pela subvariante BA.5 é crítica, uma vez que as novas vacinas adaptadas em ensaios clínicos são baseadas na BA.1.

O estudo publicado pelo NEJM, foi agora divulgado pela Direção Geral de Saúde (DGS) e indica que as variantes anteriores de SARS-CoV-2 conferem proteção contra a infeção por Ómicron BA.5, atualmente dominante no nosso país.

O estudo em causa foi liderado por Luís Graça, Investigador Principal do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) e Professor Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e por Manuel Carmo Gomes, Professor Associado com Agregação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa). Ambos os investigadores integram a Comissão Técnica de Vacinação contra a COVID-19 (CTVC) da DGS.

Este é um dos primeiros estudos a nível mundial que analisa, em pessoas vacinadas, a probabilidade de se infetarem com a subvariante atualmente em circulação, estimando o grau de proteção conferido por infeções com variantes anteriores e utilizando dados do mundo real.

“As pessoas vacinadas que foram infetadas pelas subvariantes Omicron BA.1 e BA.2 têm uma proteção contra a infeção com a subvariante BA.5, em circulação desde Junho, cerca de quatro vezes superior a pessoas vacinadas que não foram infetadas em nenhuma ocasião”, começa por explicar Luís Graça, co-líder do estudo. “As infeções em 2020 e 2021, que ocorreram pela infeção com variantes anteriores do vírus SARS-CoV-2 (linhagem ancestral, variante Alfa e Delta) também conferem proteção contra a infeção para a variante Ómicron mais recente, embora essa proteção não seja tão elevada quanto a dos indivíduos infetados com as variantes BA.1 e BA.2, no início de 2022”, reforça Luís Graça.

“Estes resultados são muito importantes porque as vacinas adaptadas que estão em desenvolvimento clínico e avaliação, são baseadas na subvariante BA.1, que foi dominante em janeiro e fevereiro de 2022. Até agora, não se sabia qual o grau de proteção que esta subvariante conferia contra a subvariante que está neste momento em circulação. Estes resultados mostram que a proteção é muito significativa e permitem antecipar o benefício das vacinas adaptadas”, acrescenta Luís Graça sobre a relevância do estudo.

“Na realização deste estudo usámos o registo nacional de casos de COVID-19 para obter a informação de todos os casos de infeções por SARS-CoV-2 na população com mais de 12 anos residente em Portugal. A variante do vírus de cada infeção foi determinada tendo em conta a data da infeção e a variante dominante nessa altura. Considerámos as infeções causadas pelas primeiras variantes de Omicron BA.1 e BA.2 em conjunto”, explica Manuel Carmo Gomes. “Com estes dados, analisámos a probabilidade de uma pessoa voltar a ser infetada pela variante atual, o que nos permitiu calcular a percentagem de proteção conferida pelas infeções prévias”, explica João Malato, estudante de doutoramento do grupo de Luís Graça e primeiro autor do estudo.

“Este estudo demonstra, no período analisado, que a infeção prévia em pessoas vacinadas (a chamada imunidade híbrida) continua a conferir proteção para variantes que são conhecidas pela capacidade de evadir a resposta imunitária, como a atualmente dominante”, salienta Válter Fonseca, co-autor deste estudo e coordenador da CTVC da DGS.

Este trabalho foi realizado no iMM e no Centro de Estatística e Aplicações da Universidade de Lisboa, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em colaboração com a DGS. Foi financiado pelo programa Horizon 2020 Research and Innovation da União Europeia, pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT, Portugal) e pelo National Institute of Health.

Fonte: Tupam Editores

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