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Tatuagens: algumas tintas têm perigo comprovado pela ciência

Cientistas da Universidade de Binghamton (Universidade Estadual de Nova York) analisaram quase 100 tintas de tatuagem diferentes e descobriram que os rótulos dos ingredientes dos fabricantes (quando usados) são muitas vezes imprecisos e que muitas tintas contêm pequenas partículas em nanoescala que podem ser prejudiciais às células humanas. As descobertas foram apresentadas recentemente na reunião da Sociedade Americana de Química, em Chicago, nos Estados Unidos.

Tatuagens: algumas tintas têm perigo comprovado pela ciência

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A tinta de tatuagem típica contém um ou mais pigmentos (que dão cor à tinta) dentro de um “pacote de transporte” para ajudar a distribuir os pigmentos na pele. Os pigmentos são os mesmos usados em pinturas e têxteis. Estes podem ser pequenos pedaços de sólidos ou moléculas discretas, como dióxido de titânio ou óxido de ferro (para cores brancas ou castanho-ferrugem, respetivamente).

Quanto aos pacotes de transporte, a maioria dos fabricantes de tinta usa álcool de grãos ou de fricção, às vezes com um pouco de hamamélis adicionado à mistura para ajudar a pele a cicatrizar após o processo de tatuagem. Também pode haver outros aditivos para ajustar a viscosidade e manter as partículas de pigmento suspensas nos pacotes de transporte.

A equipa de investigação começou por entrevistar vários tatuadores tendo descoberto que embora os artistas tivessem marcas preferidas, sabiam muito pouco sobre a composição química das suas tintas favoritas.
O laboratório de John Swierk, principal investigador do estudo, utilizou vários métodos para analisar uma ampla gama de tintas de tatuagem comumente usadas, incluindo espectroscopia Raman, espectroscopia de ressonância magnética nuclear e microscopia eletrónica, o que lhe permitiu identificar pigmentos específicos e outros ingredientes nas várias tintas.

Os cientistas descobriram que muitos ingredientes não apareciam nos rótulos dos fabricantes, como uma tinta que continha etanol, embora não estivesse listada no rótulo. E 23 das tintas analisadas até agora mostraram evidências de um corante contendo azo. Esses pigmentos geralmente são inertes, mas a exposição a bactérias ou à luz UV pode fazer com que se degradem num composto à base de nitrogénio que potencialmente pode causar cancro.

Os cientistas também avaliaram o tamanho das partículas de 18 tintas. Metade continha partículas menores do que 100 nanómetros, o que significa que poderiam passar pela membrana celular e “potencialmente causar danos” às células.

A Comissão Europeia já começou a reprimir os produtos químicos nocivos na tinta das tatuagens, incluindo dois pigmentos amplamente utilizados (Pigmento azul 15 e Pigmento verde 7), alegando que geralmente são de baixa pureza e podem conter substâncias perigosas.

Desde janeiro deste ano que a União Europeia implementou novas restrições aos produtos químicos perigosos contidos em misturas para tintas de tatuagem e maquilhagem permanente, de modo a uniformizar as regras no espaço comunitário e garantir a proteção dos utilizadores.

A restrição abrange substâncias cancerígenas, mutagénicas e reprotóxicas (que produzem efeitos nocivos sobre o processo reprodutivo), substâncias químicas proibidas nos cosméticos, sensibilizantes da pele, irritantes da pele e dos olhos, impurezas metálicas, aminas aromáticas e alguns pigmentos.

Fonte: Tupam Editores

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