IDOSO

Impacto do preconceito contra os idosos nos cuidados de saúde

O acelerado desenvolvimento das Tecnologias de Inteligência Artificial precisa de cada vez mais informações para melhorar a precisão do diagnóstico e a qualidade dos serviços de saúde, mas os mais velhos, considerados uma minoria, estão por esse facto pouco representados nos bancos de dados.

Impacto do preconceito contra os idosos nos cuidados de saúde

MATURIDADE E REFORMA

GERONTOLOGIA, MORRER JOVEM O MAIS TARDE POSSÍVEL


A Inteligência Artificial, é cada vez mais uma realidade nas várias áreas de atuação dos cuidados de saúde, não sendo hoje uma questão de escolha. A questão fundamental é como deve ser integrada no âmbito dos cuidados de saúde, desde o início da formação académica dos futuros profissionais nas faculdades de medicina, até à utilização dos dispositivos médicos baseados em IA na prática clínica, nos hospitais, clínicas e centros de saúde entre outros.

O “cérebro” da IA ou a sua componente lógica é o software, que através de uma sequência de instruções denominadas algoritmos, orientam o funcionamento de um software específico, usando a informação contida em poderosas bases de dados, que através de regras extremamente complexas possam autogerir-se e “decidirem” autonomamente qual a melhor resposta a dar a cada problema ou qual o movimento ou ação que determinado hardware deve executar.

Obviamente que as instruções partem sempre de um código de programação prévia, que considera todas as variáveis envolvidas e que processa os dados de forma a determinar o que fazer em cada situação. O objetivo principal da IA é simular as ações humanas e de “pensar” de maneira lógica e com isso criar soluções para os mais variados aspetos de nossa vida.

O acompanhamento da evolução da IA desde os seus primeiros passos, permite compreender como ela se tornou um instrumento valioso para a melhoria dos cuidados de saúde e para sua modernização, com especial enfoque na parceria homem-máquina.

Hoje, através de exames de ressonância magnética do cérebro, é possível verificar que expectativas positivas podem produzir mudanças químicas e hormonais no organismo, ainda que o determinado medicamento não possua ingredientes ativos, quando existe a crença de que determinada medicação pode ser eficaz, situação que ocorre no chamado efeito placebo. De acordo com investigadores, em cerca de um terço dos casos em que é aplicada uma substância inócua, usada como se tivesse alguma eficácia, provoca a melhoria dos sintomas.

Da mesma forma que um sentimento de otimismo pode desencadear respostas favoráveis em nosso corpo, o contrário também acontece e é conhecido por efeito nocebo, que define os efeitos adversos associados a expectativas negativas.

Num contexto em a pessoa recebe, com frequência, informações negativas sobre a situação em que se encontra, algo recorrente para os idosos, o preconceito está tão arreigado em nossa sociedade que “envenena” ainda mais a já difícil etapa do envelhecimento com visões negativas, tanto para quem vive como para quem convive com a experiência.

Nos cuidados de saúde, esse preconceito impede que um sobrevivente de acidente vascular cerebral de 70 anos tenha à sua disposição o mesmo nível de suporte e atenção de alguém com 35 anos com quadro clínico semelhante. Diminuem as opções oferecidas a idosos para alcançar uma recuperação plena, como se, para estes, bastasse o mínimo.

Também nas novas tecnologias de ponta, como a inteligência artificial, que se baseia em bancos de dados para melhorar diagnósticos e a qualidade dos serviços, os mais velhos são considerados como minorias e estão representados de forma insuficiente em pesquisas e levantamentos que abastecem os bancos de dados.

Já em relatórios publicados pelas Nações Unidas (UN) em março do ano passado, aquela Organização chamava à atenção para os estereótipos, perceções negativas e outras formas de discriminação conhecidas por “ageism”, em inglês, que vêm causando o isolamento social dos idosos e agravam sua saúde.

A análise a um trabalho desenvolvido pela psicóloga e epidemiologista Becca Levy, professora da Universidade Yale (EUA), que reuniu dados de 7 milhões de pessoas em 45 países, revelou que o preconceito influenciava a probabilidade de os pacientes mais velhos receberem tratamento médico adequado.

A análise centrou-se na revisão de 422 estudos publicados em todo o mundo entre 1970 a 2017, revelando que 96% mostravam evidências claras de efeitos adversos do preconceito no acesso aos cuidados de saúde. Além disso, foram observadas evidências de que o acesso à saúde havia sido negado a idosos e, em 92% das pesquisas internacionais, havia indicação de que influía nas decisões médicas.

Fonte: Tupam Editores

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