TRANSPLANTE

Técnica que “ressuscita” órgãos pode revolucionar os transplantes

A medicina de transplantes poderia dar um salto gigantesco se os órgãos doados pudessem absorver oxigénio durante mais tempo e a sua deterioração pudesse ser retardada. Uma nova tecnologia denominada OrganEx, descrita na revista científica Nature por uma equipe da Universidade de Yale (EUA), promete fazer exatamente isso.

Técnica que “ressuscita” órgãos pode revolucionar os transplantes

MEDICINA E MEDICAMENTOS

TRANSPLANTES O PRÓXIMO FUTURO


Segundo o artigo da Nature, um grupo de pesquisadores obtiveram um êxito estrondoso ao conseguirem parar os corações de porcos-cobaias durante uma hora, ressuscitando-os passado esse tempo, por meio de uma solução de sangue de um inovador sistema tecnológico denominado OrganEx.

Os pesquisadores estão atordoados com os resultados desta nova abordagem, que em muito excedeu a capacidade tecnológica existente de prolongar a viabilidade do órgão, alertando, no entanto, que apesar das descobertas não serem ainda clinicamente relevantes, a pesquisa levanta desde já questões éticas importantes sobre a definição de morte.

Decorrida uma hora após terem recebido a solução sanguínea do sistema OrganEx, os porcos restauraram a circulação e a atividade celular nos órgãos vitais como o coração, o cérebro além do fígado e rins. A pesquisa desafia a ideia de que a morte cardíaca, que ocorre quando a circulação sanguínea e a oxigenação param, é irreversível, além de levantar questões éticas sobre o conceito de morte.

Segundo Nita Farahany, cientista neuroética da Duke University em Durham, Carolina do Norte, classifica os resultados da investigação como “impressionantes”, referindo que embora este estudo seja preliminar, sugere desde já que que algumas limitações conhecidas do corpo humano podem ser superadas com o tempo.

Os porcos domésticos têm sido usados como um modelo animal popular de doença humana porque são do nosso tamanho e seus corações e vasos sanguíneos são bastante semelhantes.

Após a morte cerebral ou paragem cardíaca, toda uma coreografia química caraterística se instala e apenas em alguns minutos após o refluxo do oxigénio, os ácidos vão-se acumulando à medida que as células incham, ferindo membranas e organelas delicadas, dando origem ao desenrolar distintivo da morte celular.

Através de todo o corpo, uma enxurrada de hormonas e citocinas alerta as células e desencadeia uma inflamação. Os sistemas nervoso e imunológico, bem como a coagulação do sangue, ficam sobrecarregados quando os órgãos são desligados. Mas, mesmo órgãos em agonia, mantêm algumas células viáveis, que podem ser retiradas e nutridas em laboratório. Isolados, órgãos inteiros, incluindo corações, fígados, rins e pulmões, podem ser mantidos, se uma solução específica for perfundida através de seus vasos.

Foram estas observações que levaram ao desenvolvimento da tecnologia BrainEx da equipa de Yale em 2019 e foi através delas que mantiveram vivos, cérebros de porco, o órgão mais vulnerável a danos quando privados de oxigénio.

As células não morrem tão rapidamente quanto imaginávamos, o que abre a possibilidade de intervenção, disse Zvonimir Vrselja em um webinar realizado pela Nature, um pouco antes da publicação do artigo. Para pouparem de sofrimento os animais usados na investigação, os investigadores induziram ataques cardíacos, seguidos de privação de oxigénio e usaram adesivos de fentanil e anestesia profunda.

Fonte: Tupam Editores

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