RECÉM-NASCIDO

Bebés desenvolvem habilidades de linguagem horas após nascimento

Tradicionalmente, acredita-se que os recém-nascidos passam as primeiras semanas ou meses de vida passivamente deitados e a chorar – pelo menos até terem idade suficiente para começar a tomar atenção ativamente ao que está a acontecer à sua volta.

Bebés desenvolvem habilidades de linguagem horas após nascimento

GRAVIDEZ E MATERNIDADE

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Contudo, um novo estudo publicado na Nature Human Behavior permitiu constatar que os recém-nascidos começam a absorver e a sintonizar as especificidades do mundo ao seu redor horas após o nascimento, incluindo os idiomas específicos que irão falar.

O estudo, que teve a colaboração de uma equipa de investigadores internacionais, trabalhou com recém-nascidos, poucos minutos após o nascimento, e usou uma combinação de vogais tocadas para a frente (ou seja, naturalmente) e para trás (uma versão invertida do som).

Foram utilizadas imagens óticas, uma forma não invasiva de neuroimagem, para medir as mudanças no seu corpo. O processo envolveu acender pequenas tochas (ou seja, lanternas) no couro cabeludo dos bebés. A luz brilhava no corpo, e algumas voltavam e, dependendo do que acontecia no corpo (por exemplo, quanto o sangue oxigenado estava numa área do cérebro), aparecia um pouco mais ou um pouco menos de luz.

Para obter resultados precisos, foram usadas várias lanternas, com a potência e posicionamento controlados com precisão, tal como detetores de luz muito precisos para medir pequenas mudanças na quantidade de luz refletida.

Foram tocadas gravações de vogais faladas e depois testadas para ver se os seus cérebros respondiam de maneira diferente quando ouviam essas mesmas vogais a ser tocadas para trás ou para a frente. No primeiro teste, os bebés não conseguiam distinguir entre vogais para a frente e para trás, pois é um contraste muito subtil (mesmo os adultos falham nesse teste de discriminação em 70% das vezes).

Mas apenas após cinco horas de exposição a esse contraste, imagens óticas mostraram que os cérebros dos recém-nascidos começaram a distinguir entre os dois sons. E depois de mais duas horas, durante as quais os recém-nascidos dormiam principalmente, a exposição ao contraste vocálico desencadeou um surto de conectividade, com os neurónios a “conversar” entre si em grande escala, como se tivessem sido inspirados pelos sons da linguagem que tinham ouvido.

Segundo Guillaume Thierry, professor de neurociência cognitiva, esta investigação mostrou que uma distinção muito subtil – mesmo para o ouvido adulto – é suficiente para desencadear um aumento significativo da atividade cerebral no cérebro do recém-nascido, o que mostra que as primeiras experiências têm consequências potencialmente importantes para o desenvolvimento cognitivo.

Por outras palavras, devemos abandonar o mito de que os bebés geralmente desconhecem o seu ambiente durante algumas semanas, simplesmente porque dormem muito, e ter atenção ao que eles estão expostos desde o momento em que nascem.

Gary Oppenheim, professor de psicologia, acrescentou que quando o seu filho nasceu, ficou surpreso ao ver que ele estava imediatamente alerta, com os olhos bem abertos e a olhar ao redor para absorver informações sobre o seu novo ambiente estranho (mesmo que a visão de um recém-nascido seja conhecida como muito pobre).

O trabalho que os ouvidos e o sistema auditivo de um recém-nascido fazem não é tão óbvio a olho nu, mas esteresultado espetacular mostra que temos uma sensibilidade notável às informações da linguagem desde o momento em que nascemos e imediatamente começamos a trabalhar desenvolvendo e refinando em resposta às nossas experiências no mundo, mesmo quando parecemos estar apenas a dormir.

Fonte: Tupam Editores

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