A investigação, publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), pode ajudar a explicar as disparidades na saúde relacionadas à idade, incluindo o número desigual da pandemia, e ainda identificar possíveis pontos de intervenção.

Segundo Eric Klopack, principal autor do estudo, à medida que a população mundial de idosos aumenta, é essencial entender as disparidades na saúde relacionadas à idade. Até porque as mudanças relacionadas à idade no sistema imunológico desempenham um papel crítico no declínio da saúde. Este estudo ajuda a esclarecer os mecanismos envolvidos no envelhecimento imunológico acelerado.

À medida que as pessoas envelhecem, o sistema imunológico naturalmente inicia um declínio dramático, uma condição chamada imunossenescência. Com a idade avançada, o perfil imunológico de uma pessoa enfraquece e inclui muitos glóbulos brancos desgastados em circulação e muito poucos glóbulos brancos frescos e “ingénuos” prontos para enfrentar novos invasores.

O envelhecimento imunológico está associado não apenas ao cancro, mas também a doenças cardiovasculares, aumento do risco de pneumonia, redução da eficácia das vacinas e envelhecimento do sistema orgânico. Mas o que explica as diferenças drásticas de saúde em adultos da mesma idade?
Investigadores da USC decidiram ver se conseguiam descobrir uma conexão entre a exposição ao stress ao longo da vida – um conhecido contribuinte para problemas de saúde – e o declínio do vigor no sistema imunológico.

Para isso consultaram e cruzaram enormes conjuntos de dados de um estudo longitudinal nacional dos sistemas económicos, de saúde, conjugais, familiares e de apoio público e privado de americanos mais velhos.

Para calcular a exposição a várias formas de stress social, os investigadores analisaram as respostas de uma amostra nacional de 5.744 adultos com mais de 50 anos. Eles responderam a um questionário elaborado para avaliar as experiências dos entrevistados com stress social, incluindo eventos stressantes da vida, stress crónico e discriminação ao longo da vida.

As amostras de sangue dos participantes foram então analisadas por citometria de fluxo. Como esperado, as pessoas com pontuações mais altas de stress tinham perfis imunológicos aparentemente mais velhos, com percentagens mais baixas de combatentes de doenças recentes e percentagens mais altas de glóbulos brancos desgastados. A associação entre eventos stressantes da vida e menos células T prontas para responder, ou ingénuas, manteve-se forte mesmo após o controle de educação, tabagismo, bebida, IMC e raça ou etnia.

Algumas fontes de stress podem ser impossíveis de controlar, mas os especialistas referem que pode haver uma solução alternativa.

As células T – um componente crítico da imunidade – amadurecem numa glândula denominada timo. À medida que as pessoas envelhecem, o tecido do timo encolhe e é substituído por tecido adiposo, resultando na redução da produção de células imunes. Investigações anteriores sugerem que esse processo é acelerado por fatores de estilo de vida, como dieta pobre e pouco exercício, ambos associados ao stress social.
Assim, melhorar a dieta e os comportamentos de exercícios em adultos mais velhos pode ajudar a compensar o envelhecimento imunológico associado ao stress.

Os investigadores referem ainda que o citomegalovírus (CMV) pode ser um alvo para intervenção. O CMV é um vírus comum, geralmente assintomático em humanos e é conhecido por ter um forte efeito na aceleração do envelhecimento imunológico. O CMV está adormecido na maioria das vezes, mas pode surgir, especialmente quando uma pessoa está em períodos de stress elevado.

Neste estudo, o controle estatístico da positividade do CMV também reduziu a conexão entre o stress e o envelhecimento imunológico acelerado. Portanto, a vacinação generalizada contra o CMV pode ser uma intervenção relativamente simples e potencialmente poderosa que pode reduzir os efeitos do envelhecimento imunológico do stress.