DEPRESSÃO

Estudo confirma relação de aminoácido com a depressão

Uma equipa de investigadores do Instituto de Pesquisa Biomédica de Girona (IDIBGI) e da Universidade Pompeu Fabra (UPF) em Barcelona, Espanha, identificou o papel do aminoácido prolina em humanos, ratos e moscas que sofrem de depressão. Uma dieta rica neste aminoácido foi associada a uma maior tendência para desenvolver depressão.

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Durante a investigação, publicada na revista científica Cell Metabolism, os investigadores analisaram o tipo e o número de aminoácidos na dieta dos participantes. Estes também preencheram um questionário para medir o seu humor depressivo.

Segundo o Dr. José Manuel Fernández-Real, do IDIBGI, a avaliação do questionário permitiu concluir que o que mais estava associado à depressão era o consumo de prolina. Isto confirmado, quando avaliada a metabolómica plasmática, a concentração de prolina emergiu como um dos metabolitos mais associados a indicadores de depressão.

Mas nem todos os que revelavam uma alta ingestão de prolina referiram no questionário estarem mais deprimidos. Ao estudar a microbiota intestinal dessas pessoas também se observou uma relação entre a depressão e algumas bactérias, assim como entre a depressão e genes bacterianos associados ao metabolismo da prolina. Assim, verificou-se que os níveis circulantes de prolina dependiam da microbiota.

A fim de descobrir se a presença de prolina era a causa ou a consequência do humor depressivo, a microbiota dos participantes foi transplantada em ratos. Os roedores que ficaram mais deprimidos tinham recebido a microbiota de participantes com prolina elevada, ou que estavam mais deprimidos. No cérebro desses animais também foram descobertos diferentes genes associados ao transporte de prolina.

Para o Dr. Maldonado, da UPF, a possibilidade de transferir o fenótipo de depressão de humanos para ratos através do transplante da microbiota e a demonstração de que tal transplante gera alterações no transporte da prolina revela que essa prolina pode estar associada causalmente à depressão.

Foi realizada ainda outra experiência confirmatória em moscas-da-fruta (Drosophila melanogaster), nas quais se pode induzir um humor mais depressivo. Os investigadores isolaram dois tipos de bactérias da microbiota associada ao consumo de prolina e adicionaram-nos à ração esterilizada das moscas.
As moscas que ingeriram alimentos com Lactobacillus – que em ratos foi associado a menos depressão – foram mais capazes de superar as dificuldades que enfrentaram posteriormente. Por outro lado, aquelas que ingeriram Enterobacter, que está associado à depressão em humanos, ficaram muito mais deprimidas.

Posteriormente, realizou-se a mesma experiência em moscas geneticamente modificadas para eliminar os canais que transportam a prolina para o cérebro. Neste caso, a prolina não conseguiu atingir o cérebro e as moscas mostraram-se altamente resistentes à depressão.

O Dr. Fernández-Real realça que estes resultados demonstram a importância da prolina e a sua influência no humor depressivo das pessoas, que até agora não havia sido levada em consideração.
Esta investigação abre ainda caminho a novos estudos para descobrir possíveis tratamentos para a depressão com base na dieta.

Fonte: Tupam Editores

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