Segundo Jagdeep Nanchahal, professor de Cirurgia plástica e reconstrutiva da mão de Oxford, este ensaio de fase 2b representa a tradução clínica das descobertas laboratoriais, onde se identificou o TNF como um potencial alvo terapêutico, seguido por um ensaio de variação de dose de fase 2a que mostrou que a formulação altamente concentrada injetada diretamente nos tecidos doentes foi eficaz na regulação negativa dos miofibroblastos, as células responsáveis pela fibrose. Concluiu-se que o tratamento é completamente seguro e não houve eventos adversos graves relacionados.

A doença de Dupuytren é causada por um espessamento anormal da fáscia palmar (tecido entre a pele e as estruturas tendinosas e vasculo-nervosas na palma da mão e dedos) que faz com que os dedos se enrolem na palma da mão, limitando a mobilidade de um ou mais dedos. Não existe atualmente tratamento para a doença precoce e, normalmente, as pessoas têm de esperar até que a sua condição se deteriore para poderem realizar uma cirurgia.

Para o estudo, publicado na revista científica The Lancet Rheumatology, foram recrutados 140 participantes com doença de Dupuytren em estágio inicial que foram aleatorizados para receber 4 injeções em intervalos de 3 meses de adalimumab (40mg de adalimumab em 0,4ml) ou soro fisiológico. O desfecho primário foi a dureza do nódulo medida aos 12 meses, e os pacientes foram acompanhados durante 18 meses.

Os resultados permitiram concluir que os pacientes que receberam adalimumab experienciaram amolecimento e redução no tamanho do nódulo tratado. Embora o adalimumab tenha apenas uma meia-vida de cerca de duas ou três semanas, os cientistas observaram efeitos contínuos nove meses após a última injeção, o que indica um efeito sustentado do tratamento.

Os especialistas referem que a doença de Dupuytren é fácil de detetar numa fase inicial e, como tal, a administração de injeções de adalimumab nesta fase poderia impedir que esta avançasse para a fase em que a cirurgia já é necessária.