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Descoberto fármaco que inibe crescimento recorrente de tumores

Quando um tumor cerebral não metastático – um meningioma – reaparece após a cirurgia e o tratamento com radiação, o paciente fica sem opções. Não existem medicamentos aprovados para esses tumores agressivos, que ocorrem em até 20% dos casos e podem levar à incapacidade do paciente ou mesmo à morte.

Descoberto fármaco que inibe crescimento recorrente de tumores

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Recentemente, uma equipa de cientistas internacional identificou uma substância que inibe o crescimento dos meningiomas mais agressivos e como identificar com maior precisão aqueles que responderão à substância, denominada abemaciclib.

Os cientistas demonstraram a eficácia do abemaciclib em pacientes selecionados, modelos de ratos, um tumor cerebral de tecido vivo 3D (organoides) e culturas de células. Descobriram, então, que os meningiomas podem ser divididos em subgrupos moleculares com diferentes resultados clínicos e taxas de recorrência. Este novo método de classificação de tumores permite prever a recorrência com mais precisão do que o método atual de classificação do tumor.

Atualmente, após a cirurgia, os médicos examinam uma amostra do tumor ao microscópio e classificam-no como um, dois ou três conforme a sua agressividade. Mas o grau tem apenas a precisão de cerca de 70%, o que significa que alguns tumores se vão comportar de uma maneira que não encaixa na sua aparência ao microscópio.

Segundo o Dr. Stephen Magill, professor assistente de cirurgia neurológica, este estudo identifica quais os pacientes que se devem tratar com a substancia, porque o seu tumor provavelmente responderá à mesma. O abemaciclib é um inibidor do ciclo celular, o que significa que bloqueia o ciclo de divisão celular e inibe o crescimento do tumor.
Os cientistas estudaram as mudanças moleculares no tumor para entender o que impulsiona o seu crescimento e para desenvolver terapias que visem o “calcanhar de Aquiles” do tumor.

O estudo, publicado na revista Nature Genetics, foi realizado fazendo perfis de metilação de ADN e sequenciamento de RNA em 565 meningiomas. Isso permitiu aos cientistas ver quais os genes expressos pelo tumor e o nível de expressão, revelando uma assinatura do ADN.

Foram então identificados três grupos separados de meningiomas com base na sua biologia. E para cada grupo encontrou-se um mecanismo biológico diferente promovendo o crescimento dos tumores, com cada grupo tendo um resultado clínico diferente.
Os cientistas descobriram que os tumores agressivos têm múltiplas alterações moleculares numa via comum de divisão celular que permite que as células se dividam mais e voltem após a cirurgia.

A questão que surgiu era se inibindo esse caminho se poderia impedir o crescimento dos tumores. Após realizarem testes, os cientistas descobriram que isso acontecia nos pacientes, nos modelos de ratos e na cultura de células.

Os ratos com meningiomas tratados com a medicação viveram mais e os seus tumores não cresceram tão rapidamente. A substância também foi usada off label como uso compassivo em vários pacientes cujos tumores diminuíram de tamanho e cujos sintomas melhoraram, o que sugere que o abemaciclib deve ser considerado para ensaios clínicos.

Os próximos passos da investigação são validar as descobertas em populações adicionais e construí-los para determinar se se podem usar características moleculares para prever quais os pacientes com meningioma que devem ser tratados com radiação além da cirurgia.
O objetivo dos cientistas é traduzir estas descobertas e métodos para tornar esse perfil molecular generalizável e disponível para todos os pacientes com meningioma.

Fonte: Tupam Editores

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