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Cancro: células estaminais protegem contra efeitos de fármacos

Os inibidores do checkpoint imunológico (ICI) são amplamente utilizados para tratar uma variedade de cancros, no entanto, têm um efeito colateral grave que é o aparecimento de diabetes tipo 1. Recentemente, uma equipa de cientistas da Universidade de Osaka, no Japão, descobriu que a terapia com células estaminais pode proteger contra esses efeitos colaterais.

Cancro: células estaminais protegem contra efeitos de fármacos

MEDICINA E MEDICAMENTOS

CÉLULAS ESTAMINAIS, O INÍCIO DE UM NOVO PARADIGMA TERAPÊUTICO


Uma estratégia pela qual as células tumorais evitam o reconhecimento pelo sistema imunológico é através da regulação positiva de fatores que interferem na sinalização das células imunes – um processo conhecido como checkpoint imunológico. Por exemplo, a regulação positiva do ligante de morte programada-1 (PD-L1) leva ao aumento da ligação ao seu recetor (PD-1) nas células T do sistema imunológico, inibindo a ativação das células T.

O uso terapêutico de ICI pode reverter esses efeitos, restaurando a vigilância do sistema imunológico e a morte de células tumorais. No entanto, esses medicamentos anticancro são acompanhados por efeitos colaterais autoimunes, incluindo o desenvolvimento de diabetes tipo 1.

O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune grave que se desenvolve quando o nível de insulina produzida pelas ilhotas de Langerhans no pâncreas desce abaixo do limite necessário, resultando na incapacidade do corpo para controlar os níveis de açúcar no sangue. Estes pacientes são dependentes de terapia com insulina.

Quando as células produtoras de insulina são completamente perdidas, o controle dos níveis de açúcar no sangue fica gravemente comprometido, resultando em complicações clínicas, qualidade de vida prejudicada e mau prognóstico. Atualmente, faltam estratégias para a prevenção ou cura da diabetes tipo 1.

A terapia com células estaminais mesenquimais (MSC) é o tipo de terapia celular mais comumente usado. As MSCs secretam fatores que contribuem para a regeneração tecidual, atividade antifibrose e modulação das funções imunológicas.

No estudo, publicado na revista científica Diabetologia, os cientistas mostraram que as MSCs têm potencial terapêutico contra eventos adversos relacionados com o sistema imunológico.

Emi Kawada-Horitani, principal autor do estudo, explica que a equipa examinou se o tratamento sistémico com MSC poderia prevenir o desenvolvimento de diabetes tipo 1 num modelo de ratinho. Primeiro, induziram diabetes nos ratos administrando um monoclonal PD-L1 purificado, e de seguida injetaram MSCs derivadas de tecido adiposo humano e analisaram as células imunes nas secreções pancreáticas.

A inibição da interação PD-1/PD-L1 com um anticorpo anti-PD-L1 resultou numa incidência de 64% de diabetes entre os ratos, em comparação com 19% quando os animais também receberam MSCs.

A inibição da interação PD-1/PD-L1 causa várias mudanças no sistema imunológico – mais especificamente, o acúmulo maciço de células imunes (principalmente macrófagos) nas ilhotas de Langerhans no pâncreas, interrompendo a produção de insulina.

Os cientistas descobriram que as MSCs impediram efetivamente esse influxo de células imunes evitando assim os efeitos prejudiciais nas células pancreáticas. Foi possível verificar ainda que as MSCs secretam fatores (como exossomas) que protegem as células pancreáticas contra o ataque imunológico.

Estas descobertas sugerem que o transplante de MSC pode prevenir a incidência de diabetes associada à terapia do cancro de checkpoint imunológico e, portanto, pode ser considerado como um novo tipo de terapia celular adjuvante.

Fonte: Tupam Editores

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