Falha no sistema imunitário aumenta inflamação da Covid-19
Um estudo realizado por investigadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos da América, apontou uma espécie de falha no sistema imunológico que pode estar a aumentar a inflamação nos pulmões derivada da infeção por Covid-19, contribuindo para muitos casos de pneumonia e até mesmo para a morte.
O sistema imunitário, é um dos mais complexo sistema do organismo – órgãos linfóides, células e moléculas, comunicam entre si apenas com um objectivo: defender o organismo.
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Os investigadores analisaram diversos ratos projetados em laboratório para terem um sistema imunitário humano e descobriram que as próprias células do sistema imunitário podem abrigar o vírus Sars-CoV-2 responsável pela Covid-19.
Já se sabia que a partir do momento em que a doença chega aos pulmões pode desencadear uma “tempestade de citocinas” ou síndrome de libertação de citocinas, sendo que estas são substâncias produzidas pelas células do sistema imunitário com o propósito de ativar, mediar ou regular a resposta imunológica total do organismo. Este fenómeno pode desencadear uma inflamação de tal forma grave que pode originar a falência de vários órgãos e levar à morte.
Para sua surpresa, descobriram que as próprias células imunes, não apenas as células epiteliais que revestem o pulmão, podem abrigar o vírus. Quando o corpo deteta o vírus nessas células, os inflamassomas, parte do sistema de alerta precoce do sistema imunológico, produzem e libertam citocinas que levam essas células imunes a cometer suicídio na tentativa de “abortar” a infeção. No entanto, segundo Richard A. Flavell, professor de imunobiologia e autor do estudo, as citocinas acabam por “recrutar” mais células do sangue para os pulmões, aumentando a inflamação e criando um ciclo vicioso que desencadeia um quadro de pneumonia.
Durante o estudo, publicado na revista científica Nature, a equipa descobriu uma maneira de parar esta espécie de falha do sistema imunitário. Ao bloquear a via do inflamassoma NLPR3, as células continuam infetadas, mas não contribuem para o aumento dos níveis de inflamação. Só que este método faz com que as células deixem de se destruir, e com isto que haja uma maior libertação de vírus, aumentando a necessidade de aprimorar o tratamento antiviral.
Ainda assim, o bloqueio da via do inflamassoma juntamente com o tratamento antiviral pode fornecer uma maneira de tratar a pneumonia por Covid-19 e prevenir casos graves da doença.
Não existem ainda medicamentos aprovados para bloquear a via NLPR3, mas diversas empresas da indústria farmacêutica anunciaram que já estão à procura de métodos para desenvolver um fármaco.
