A retinografia é o principal método utilizado pelos oftalmologistas para examinar a retina dos pacientes e diagnosticar uma série de doenças, tornando possível a sua prevenção. Porém, o elevado custo do equipamento necessário para a sua realização – o retinógrafo – limita a sua disponibilidade nas clínicas, o que reduz o acesso dos pacientes ao exame.

O retinógrafo é fundamental para diagnosticar doenças como descolamento da retina, degeneração da mácula, glaucoma e degeneração macular relacionada à idade. Mas os exames à retina também podem ser úteis para detetar problemas relacionados à circulação e ao cérebro, por exemplo.

Um dos fatores responsáveis por encarecer este equipamento tem a ver com a tecnologia utilizada para a eliminação de reflexos, tanto da córnea quanto das próprias superfícies dos componentes óticos.

O novo aparelho foi desenvolvido no Instituto de Física da USP de São Carlos. Através da criação de um sistema de iluminação inovador, a equipa de investigadores conseguiu uma redução drástica da quantidade de componentes para fabricar o equipamento, o que tornou possível reduzir consideravelmente os seus custos.

André Orlandi de Oliveira, coordenador do projeto, explica que em vez de montar diversos componentes fora do eixo ótico da imagem, a equipa projetou um sistema ótico totalmente coaxial, ou seja, com todos os componentes óticos montados num único eixo.
Com a substituição do complexo sistema de iluminação tradicional por um anel de LEDs colocado entre a objetiva e o sistema de deteção, os reflexos da córnea não ofuscam a imagem da retina e todo o sistema pode ser montado num só eixo.

O especialista refere que para suprimir os reflexos na objetiva foi desenvolvido um sistema intermediário capaz de selecionar precisamente as regiões do anel de LEDs que iluminam a objetiva e o olho. Sabendo onde o reflexo será gerado, pode-se eliminar antes que este chegue à objetiva.

Estima-se que este produto – que será comercializado pela empresa Eyetec, com apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo) – vá custar cinco vezes menos que o preço dos modelos importados que predominam no mercado brasileiro.