GENÉTICA

Identificados novos fatores de risco genéticos para a arritmia

Um estudo recentemente publicado na revista científica Nature Genetics identificou 10 novas regiões genéticas associadas à Síndrome de Brugada (BrS), uma doença geneticamente determinada, ligada a um risco variável de arritmias ventriculares malignas e, consequentemente, morte súbita, em adultos jovens.

Identificados novos fatores de risco genéticos para a arritmia

DOENÇAS E TRATAMENTOS

ARRITMIA CARDÍACA


Antes deste trabalho havia apenas duas regiões genéticas associadas ao risco da BrS que haviam sido identificadas por estudos genéticos. Os dados do novo estudo expandem-nas para 12 regiões com um total de 21 sinais genéticos para explicar melhor o risco da síndrome, revelou Alfred George, Jr., coautor do estudo.
Estes resultados fornecem ainda a base para uma pontuação de risco poligénico que pode ser usada para avaliar o risco em indivíduos.

A BrS é uma doença genética caracterizada por batimentos cardíacos irregulares com risco de vida. Aproximadamente 20% dos casos possuem variantes genéticas raras num gene que codifica um canal de sódio cardíaco que medeia o batimento cardíaco, mas desconheciam-se outros genes de suscetibilidade comprovada.

Para identificar os novos genes de suscetibilidade, os cientistas construíram um grande banco de dados de quase 3.000 indivíduos não relacionados com BrS de 12 países, tendo procedido depois a uma análise de associação de todo o genoma e comparado os resultados com 10.000 indivíduos sem BrS. Descobriram, então, dez novas regiões genéticas que consistem em 21 marcadores genéticos diferentes associados à BrS.

Muitas dessas regiões estão localizadas no cromossoma 3, que contém genes conhecidos por codificar dois canais de sódio, SCN5A e SCN10A. Além disso, outras regiões genéticas incluíram vários genes que codificam fatores de transcrição do desenvolvimento cardíaco, o que sugere que a modulação desses canais de sódio através da transcrição é um mecanismo importante na BrS.

Seguidamente os investigadores usaram a edição do gene CRSIPR-Cas9 para eliminar um importante gene de microtúbulos cardíacos – MAPRE2 – em células humanas, e descobriram que o gene é fundamental para estabilizar redes de microtúbulos em cardiomiócitos, as células que se contraem para controlar os batimentos do coração. Na ausência de MAPRE2, os canais de sódio nos cardiomiócitos são menos ativos.

A infinidade de associações genéticas reveladas por este estudo indicam que a BrS tem uma origem complexa. O estudo vem apoiar a ideia de que a BrS não é uma doença monogénica simples, mas antes uma suscetibilidade geneticamente complexa à arritmia cardíaca.

Além disso, segundo os autores, o tamanho desta análise significa que uma pontuação de risco poligénico para a BrS pode ser útil na quantificação do risco de morte súbita cardíaca noutras condições de arritmia.

Fonte: Tupam Editores

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