VÍRUS

Vírus inofensivo é geneticamente modificado para destruir tumores

Hoje, mais do que nunca, sabemos que os vírus podem ser inimigos perigosos dos humanos, no entanto, alguns também podem ser aliados valiosos no combate a doenças, incluindo o cancro.

Vírus inofensivo é geneticamente modificado para destruir tumores

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Uma equipa de cientistas da Universidade de Bolonha, em Itália, criou uma nova terapia contra o cancro baseada na ação de um vírus que infeta bactérias, um bacteriófago geneticamente modificado.
Os primeiros resultados mostram que a manipulação genética de um tipo específico de vírus consegue eliminar seletivamente as células tumorais, deixando as células saudáveis intactas.

Os bacteriófagos, ou simplesmente fagos, são vírus muito comuns que afetam bactérias, mas que são inofensivos para plantas, animais e humanos. Devido a essa característica, e à sua estrutura em particular, eles prestam-se a ser geneticamente modificados e, assim, transformados em vetores capazes de transportar medicamentos para dentro de um organismo de maneira direcionada.

No estudo, publicado na revista científica Nanoscale, os investigadores testaram essa possibilidade com o fago M13, um vírus filamentoso de 1.000 nanometros (um nanómetro é um bilionésimo de metro) de comprimento, mas apenas 5 nanómetros de largura.

As suas características permitem que este se possa tornar uma plataforma eficaz para hospedar e transportar nanomateriais. O objetivo era transformar o vírus numa ferramenta para implementar uma terapia fotodinâmica anticancro: um tratamento direcionado e não invasivo ativado por pulsos de luz.

O fago foi usado como um veículo capaz de direcionar várias centenas de moléculas para a superfície das células do cancro. Essas moléculas penetram então nas células do tumor por meio de um processo denominado endocitose, mediado por recetores.

Os investigadores modificaram geneticamente o fago M13 para direcionar seletivamente um recetor específico chamado EGFR, que é superexpresso em vários tipos de tumor, incluindo o cancro da mama, pulmão, cérebro e cólon. Desta forma, o vírus só atinge as células tumorais.
Além disso, moléculas que permitem a ativação da terapia fotodinâmica foram quimicamente ligadas ao envelope proteico que envolve o genoma do vírus.

O professor Andrea Cantelli, da Universidade de Bolonha, explica que essas moléculas são compostos chamados fotossensibilizadores, que podem ser ativados por um estímulo luminoso. Além disso, podem transformar o oxigénio normalmente presente no organismo num agente químico altamente reativo, capaz de matar células cancerosas.

O vírus modificado pode reconhecer as células tumorais de maneira direcionada, o que permite controlar com precisão a área em que a terapia é ativada, irradiando-a com luz. Estes recursos podem ajudar a reduzir drasticamente os efeitos colaterais das terapias contra o cancro.

Os resultados obtidos nestas experiências são o primeiro passo significativo para um ensaio clínico deste vetor viral, que também poderá ter outras aplicações médicas, focando-se noutro tipo de doenças.

Fonte: Tupam Editores

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