CANCRO

Teia de aranha pode ser eficaz no tratamento contra o cancro

Um novo estudo experimental realizado por cientistas de instituições científicas da Suécia e de Singapura permitiu descobrir uma forma de ajudar no tratamento do cancro através do uso da seda produzida por aranhas para formar as suas teias.

Teia de aranha pode ser eficaz no tratamento contra o cancro

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A teia da aranha consiste em longas cadeias de proteínas altamente estáveis e é um dos polímeros mais fortes da natureza. Segundo Michael Landreth, investigador do Instituto Karolinska, e um dos líderes do estudo, os cientistas foram inspirados pela forma como a natureza cria proteínas estáveis e utilizaram a proteína da teia para estabilizar a proteína P53.

A proteína P53 desempenha um papel fundamental na defesa do organismo contra o cancro, em parte descobrindo e prevenindo mutações genéticas que podem levar à doença. Mutações no gene P53 são encontradas em cerca de metade de todos os tumores cancerígenos, o que o torna a alteração genética mais comum no cancro.

Denominada de “guardiã do genoma”, a P53 existe no interior de células do corpo humano. A sua relevância para o tratamento de tumores resulta da sua capacidade em impossibilitar que células com ADN defeituoso se transformem em cancros malignos. Contudo, esta também pode ser perigosa pois, devido ao seu tamanho grande, divide-se rapidamente e, quando não é funcional, acaba por se compartir descontroladamente, podendo paradoxalmente levar ao desenvolvimento de cancro.

No estudo, publicado na revista científica Structure, os cientistas identificaram na teia da aranha aquilo que necessitavam para a tornar mais estável e forte. Então, cruzaram a teia da aranha com a P53 e seguidamente inseriram a combinação em células humanas, tendo notado que o próprio organismo as começou a replicar em grande quantidade.

Usando microscopia eletrónica, simulações de computador e espectrometria de massa, os cientistas perceberam que a razão para o sucesso da junção consistia na forma como a teia da aranha conseguiu dar estrutura às secções irregulares da proteína.
Durante a investigação constatou-se ainda que a P53 em emparelhamento com a teia de aranha mostrou ser mais eficaz em aniquilar as células cancerígenas do que isoladamente. Ora, uma vez estabilizada esta consegue executar a sua defesa com maior exatidão.

Os especialistas planeiam agora estudar a estrutura da proteína em detalhes e como as suas diferentes partes interagem para prevenir o cancro. Esperam descobrir ainda como as células são afetadas pela nova e potente proteína P53 e quão bem elas toleram o seu componente de seda de aranha.

Para Sir David Lane, um dos investigadores que descobriu a P53 na década de 1970, esta combinação é um passo bastante promissor no tratamento do cancro. Criar uma variante mais estável de P53 nas células é uma abordagem promissora para a terapia do cancro, e agora existe uma ferramenta para isso que vale a pena explorar, refere.
A esperança é de desenvolver uma vacina contra o cancro baseada em mRNA mas, antes disso, será necessário descobrir como a proteína é manipulada nas células e se grandes quantidades poderão ser tóxicas.

Fonte: Tupam Editores

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