APDP pede novo modelo de intervenção na obesidade
A assinalar o Dia Mundial da Obesidade, que se comemorou a 4 de Março, a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) veio apelar a um novo modelo de intervenção na obesidade, lembrando a associação perigosa que existe entre esta doença e a diabetes. “Podemos trabalhar todos juntos para garantir vidas mais felizes, mais saudáveis e mais longas para todos” foi a mensagem deste ano.
DIETA E NUTRIÇÃO
OBESIDADE, DOENÇA OU DESLEIXO
A prevalência da obesidade triplicou nos últimos anos, em muitos países europeus, aumentando, consequentemente, os gastos com a saúde. LER MAIS
O cenário é preocupante. Em todo o mundo, quase 1 em cada 6 adultos vive com obesidade e os números têm aumentado nas últimas décadas, com a prevalência global da obesidade a triplicar desde 1975. E o problema é que a tendência não se verifica apenas na população adulta; a evidência revela que a obesidade infantil aumentou dez vezes em 4 décadas. Se nada for feito, prevê-se que atinja cerca de 250 milhões de crianças até 2030.
José Manuel Boavida, presidente da APDP, relembra que a obesidade é um problema global que afeta 800 milhões de pessoas em todo o mundo – uma informação particularmente alarmante quando se pensa que as pessoas com obesidade estão em maior risco de desenvolver doenças crónicas, como diabetes, doenças cardiovasculares, cancro e doenças respiratórias.
Em Portugal 67,6% da população tem excesso de peso ou obesidade, sendo que a prevalência de obesidade é de 28,7%. Em 2018, ocorreram 46 269 óbitos por doenças relacionadas com obesidade, o que representa 43% dos óbitos totais ocorridos no país naquele ano.
João Filipe Raposo, Diretor Clínico da APDP, defende uma abordagem que contemple a intervenção da comunidade: “Para lidarmos com a obesidade com sucesso, precisamos de conhecer as suas causas mais profundas, implementando um pacote abrangente de políticas de prevenção e de tratamento. O exemplo das Casas da Diabetes, projeto da APDP que fomenta a capacitação e o apoio entre pares para o difícil processo de mudança de hábitos, um programa que mobilize a comunidade e que se dirija às pessoas com maior risco, pode fazer a diferença. O desafio ultrapassa o próprio Sistema de Saúde, necessitando da ação das autarquias e das organizações da sociedade civil. É necessário encorajar a colaboração entre todos estes diferentes sectores da sociedade.”
Um dos principais fatores de risco para a diabetes tipo II, a obesidade – com frequência apelidada de “doença do século XXI” –, é um problema de saúde pública e uma doença crónica. É definida como uma patologia em que o excesso de gordura corporal acumulada pode afetar a saúde.
As suas causas são complexas e resultam da conjugação de vários fatores que podem estar relacionados com o risco genético, a alimentação, a atividade física, a literacia, o acesso aos cuidados de saúde, os eventos da vida, o marketing, a saúde mental, o sono, a discriminação e o estigma.