Os cientistas utilizaram bases de dados nacionais para estimar os riscos de problemas de saúde mental em pessoas pelo menos 30 dias após receberem um resultado positivo para a Covid-19 no teste de PCR.

A investigação revelou que as pessoas que tiveram Covid-19 apresentavam um risco 60% mais elevado de serem diagnosticadas ou de receberem prescrição para problemas de saúde mental no primeiro ano após a infeção.
Verificou-se que a Covid-19 estava associada a mais 24 em 1.000 pessoas com perturbações do sono, 15 em 1.000 com perturbações depressivas, 11 em 1.000 com declínio neurocognitivo, e 4 em 1.000 com perturbações por uso de substâncias.

Segundo os cientistas os riscos eram maiores nas pessoas admitidas no hospital durante a fase inicial da Covid-19, mas constatou-se que mesmo no caso de quem não precisou de ser hospitalizado, podem persistir ou aparecer problemas de saúde mental nas semanas e meses após a fase aguda da doença.

Os dados indicam que, em comparação com pessoas que não sofreram infeção, as que tiveram Covid-19 mostraram-se 35% mais propensas a ter transtornos de ansiedade e quase 40% mais propensas a sofrer de depressão ou transtornos relacionados ao humor e ao stress, que podem afetar o comportamento e as emoções – o que coincidiu com um aumento de 55% no uso de antidepressivos e 65% na utilização de benzodiazepinas para tratar a ansiedade.

O estudo, publicado na revista The BMJ, mostrou ainda que as pessoas infetadas com Covid-19 também têm maior risco de distúrbios de saúde mental do que aquelas com gripe sazonal, e as pessoas admitidas no hospital por Covid-19 tinham maiores riscos de problemas de saúde mental do que as pessoas admitidas no hospital por qualquer outro motivo.

Foi possível concluir que os doentes que sobrevivem à fase aguda da Covid-19 correm um risco acrescido de uma série de perturbações mentais incidentes, razão pela qual o combate às perturbações mentais entre os sobreviventes da Covid-19 deveria ser uma prioridade.