CARDIOLOGIA

Stent de resina impresso em 3D dissolve-se no corpo após uso

Cientistas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveram um material polimérico fotocurável (resina) que permite obter dispositivos médicos implantáveis por impressão 3D.
Para testar a nova técnica a equipa fabricou um dispositivo capaz de induzir no organismo a libertação de óxido nítrico (NO), uma substancia vasodilatadora.

Stent de resina impresso em 3D dissolve-se no corpo após uso

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Após cumprir o seu papel, o implante autodegrada-se, não necessitando de ser retirado. O dispositivo resolve alguns dos maiores problemas enfrentados por pacientes com implantes cardíacos de tipo stent disponíveis no mercado.

Os stents – pequenas malhas tubulares metálicas e expansíveis – são usados para desobstruir as artérias coronárias acometidas por placas ateroscleróticas que causam deficiência de irrigação no músculo cardíaco. Os implantes usados inicialmente eram inteiramente metálicos mas verificou-se que, passado algum tempo, numa percentagem significativa de casos ocorria a reoclusão da artéria devido a uma resposta cicatrial ao próprio implante.

Na tentativa de resolver este problema foram criados stents recobertos com polímeros que libertam fármacos, no entanto, verificou-se que o contacto do sangue com a superfície polimérica poderia induzir a formação tardia de trombos, pelo que era necessário melhorar a tecnologia.

Os cientistas apostaram, então, no NO, uma substância capaz de inibir a formação de trombos, dilatar os vasos sanguíneos, estimular a regeneração do endotélio vascular (camada celular que reveste o interior dos vasos sanguíneos) e bloquear a proliferação das células musculares lisas, que formam o tecido cicatrial responsável pela reoclusão da artéria.

O resultado são stents metálicos recobertos com polímeros que libertam NO. Mas nem tudo estava resolvido, pois quando acaba o NO, o polímero ainda poderia induzir a formação de trombo.

O próximo passo dos investigadores foi desenvolver um stent de polímero absorvível que libertasse NO e que pudesse ser implantado. Para isso sintetizaram poliésteres elásticos que sofrem processos de degradação hidrolítica, gerando os monómeros, que são absorvidos e removidos do local pelas células do sistema imune e que, idealmente, vão desaparecer por completo em algum momento.

Segundo o professor Marcelo Ganzarolli de Oliveira, um dos cientistas envolvidos, o desenvolvimento da resina especial permitiu a utilização de impressoras 3D, a partir da fotoreticulação do polímero, permitindo fabricar stents com um material polimérico fotocurável. Nessa estrutura, a libertação de NO permanece por um longo período, ao mesmo tempo em que ocorre a degradação hidrolítica do poliéster, uma reação química que dissolve lentamente o stent.

O stent polimérico tem a vantagem de desaparecer após cumprir a sua função, sendo totalmente absorvido pelo corpo. Trata-se de um benefício de interesse direto para a indústria de produtos médicos, especialmente a indústria farmacêutica voltada para os implantes coronários.

Fonte: Tupam Editores

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