Alergias: habituar as crianças ao amendoim pode ajudar a superar
Uma investigação da Universidade da Carolina do Norte permitiu concluir que habituar as crianças alérgicas ao amendoim de forma gradual e precoce ao alimento, pode ajudar o sistema imunológico destas a superar um problema potencialmente grave e socialmente incapacitante.
Um fenómeno frequentemente descurado, mas que merece uma atenção especial, é a interacção alimento – medicamento. Apesar da sua relevância, as informações existentes ainda são escassas.
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O estudo, publicado na revista científica The Lancet, envolveu 146 crianças entre os 0 e os 3 anos, sendo que 96 receberam uma dose diária de proteína de amendoim em pó, equivalente a seis destas leguminosas. Este tratamento de habituação oral teve a duração de dois anos e meio e permitiu a remissão da alergia numa criança de cinco anos.
Seis meses após o final deste tratamento de longo prazo, estas crianças conseguiram tolerar uma dose equivalente a 16 amendoins. De referir ainda que, para quase três quartos das crianças, o tratamento resultou na dessensibilização – o patamar abaixo da remissão.
Segundo Wesley Burks, um dos investigadores, descobrir opções de tratamento seguras e eficazes é crucial para melhorar a qualidade de vida destas crianças, muitas das quais vão permanecer alérgicas durante toda a vida.
Stacie Jones, outra das investigadoras, da Universidade de Ciências Médicas do Arkansas, revela que as crianças que entraram em remissão pertenciam maioritariamente ao grupo mais jovem, obtendo melhores resultados as que tinham menos de um ano de idade, concluindo-se assim que intervir muito cedo oferece uma maior hipótese de remissão.
A investigadora acentua, no entanto, que participou neste estudo apenas um pequeno número de crianças menores de um ano sendo, por isso, necessárias mais investigações.
De acordo com o estudo, a alergia ao amendoim afeta 2% das crianças nos países ocidentais. Estas crianças devem evitar comer a leguminosa e, em caso de exposição acidental, devem receber uma injeção de adrenalina para combater o choque anafilático.
A alergia alimentar é uma resposta imunológica anómala, que ocorre após a ingestão e/ou contacto com uma determinada substância presente no alimento, que leva ao aparecimento de sintomas poucos minutos após a sua ingestão. Estas reações podem atingir a pele e mucosas (as mais frequentes são a urticária e o angioedema), as vias respiratórias (rinoconjuntivite, asma), o intestino (vómitos, diarreia) e o sistema cardiovascular (choque anafilático, menos frequente mas mais grave).
Atualmente, com o aumento da prevalência por todo o mundo, a alergia alimentar é considerada um problema de saúde pública. Diversos alimentos podem ser causadores de alergias alimentares, porém, cerca de 80% delas são provocadas pelo consumo de ovo, leite, amendoim, soja, trigo, oleaginosas, peixes e crustáceos.
