Casca de ovo dá origem a nova geração de preenchedores dérmicos
O preenchimento dérmico é um procedimento amplamente utilizado para corrigir rugas, cicatrizes ou sulcos na pele. A técnica, com um mercado global na casa dos bilhões de dólares, consiste na aplicação de injeções de ácido hialurónico na região a ser tratada.
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Uma equipa de cientistas da startup brasileira BioSmart Nano, desenvolveu um processo de extração de ácido hialurónico de alta pureza a partir de casca de ovo. Para fazer a extração do composto a partir desta matéria-prima é preciso descalcificar a casca de ovo – o que tem de ser com solventes que não deixam resíduos no ácido hialurónico.
Este feito, segundo Hélida Barud, CEO da startup, foi conseguido com solventes mais orgânicos, que não são tão agressivos nem produzem tantos resíduos que agridam o ambiente. Com este novo método de extração trabalha-se numa rota “verde” para obter o ácido hialurónico.
A equipa de cientistas criou um componente inovador para a estabilização do ácido hialurónico permitindo a criação de um novo gel preenchedor. Se este gel escorrer excessivamente não produz a sustentação adequada, mas se a viscosidade for muito alta não passa pela agulha, logo não tem aplicabilidade.
O novo processo de estabilização permite dar à formulação do gel um maior tempo de permanência no tecido com um grau de viscosidade ideal – um ajuste de importância crucial para os preenchedores dérmicos.
O objetivo dos cientistas é que este gel esteja no mercado em 2024. A jornada ainda é longa, e o fundamental neste momento é consolidar a parte científica, mas os cientistas estão a estudar outras possibilidades como a transferência de tecnologia, caso se conclua que não vale a pena produzir.
A BioSmart Nano foi fundada em 2016 em Araraquara, no interior de São Paulo, e contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP). Além de desenvolver a investigação, este apoio permitiu conseguir parcerias no Canadá que estão a viabilizar a colocação do novo produto no mercado.