DIABETES

APDP esclarece mitos sobre alimentação nas pessoas com diabetes

A alimentação é uma parte vital da nossa vida, mas para as pessoas com diabetes assume maior importância pois uma alimentação saudável e equilibrada é parte integrante do controlo da doença.

APDP esclarece mitos sobre alimentação nas pessoas com diabetes

DOENÇAS E TRATAMENTOS

A DIABETES, FANTASMA DA SOCIEDADE OCIDENTAL


Por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, que se assinala a 16 de outubro, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), com a ajuda da nutricionista Maria João Afonso, veio esclarecer algumas das ideias que estão associadas à alimentação destes doentes.

A primeira das ideias que convém elucidar é a de que as pessoas com diabetes não podem fazer uma alimentação normal. A alimentação dos diabéticos deve incluir todos os grupos de alimentos de forma equilibrada e variada, tal como se recomenda na alimentação saudável de qualquer pessoa sem diabetes.

Existem, no entanto, alguns cuidados importantes devido à necessidade de controlar os níveis de glicemia (açúcar no sangue), de conseguir um peso saudável e de manter os níveis de colesterol, triglicéridos e pressão arterial normais. Esses cuidados incluem aumentar a ingestão de fibra e reduzir os hidratos de carbono refinados e alimentos processados ricos em açúcares, gordura e sal.

Um dos desafios mais importantes é aprender a ingerir as quantidades certas em cada refeição, para uma boa gestão calórica e controlo dos níveis de glicose após as refeições e ao longo do dia, tendo ainda em consideração fatores como a idade, o peso e o tipo de terapêutica de cada doente.

Outra ideia que convém desmistificar é a de que as pessoas diabéticas não podem comer doces. Também neste caso, tal como com o resto da população, os diabéticos podem comer doces, mas não todos os dias. Estes alimentos são, no geral, ricos em açúcar, gordura e calorias, que contribuem para o pior controlo glicémico e excesso de peso.
A sua ingestão deve acontecer ocasionalmente, em pequenas doses e combinado previamente com a equipa de saúde o tipo de ajustes ou cuidados a ter de forma a evitar o aumento acentuado dos níveis de glicose no sangue.

A ingestão de fruta também levanta algumas duvidas. Contém hidratos de carbono e é rica em outros nutrientes fundamentais como a fibra, vitaminas, sais minerais e antioxidantes. Deve fazer parte do plano alimentar dos diabéticos, mas como todos os alimentos, em porções recomendadas.
No geral cerca de 3 doses de fruta diárias, privilegiando a fruta fresca (não em sumo) e quando possível com casca, por apresentar um maior teor de fibra com benefícios para o controlo da glicemia, do colesterol, da saúde intestinal, entre outros.

“Quem come muito açúcar vai ter diabetes” é outra ideia que convém elucidar e que até tem um fundo de verdade pois uma alimentação rica em açúcares adicionados é, para além de uma alimentação hipercalórica, do excesso de peso, da obesidade e do sedentarismo, entre outros, um dos fatores que aumenta o risco da diabetes tipo 2. Este tipo de diabetes associada ao excesso de gordura corporal (principalmente abdominal), que resulta numa maior dificuldade na ação da insulina.

Já a ideia de que eliminar totalmente os hidratos de carbono da alimentação ajuda a tratar a diabetes é errada, e deve ser esclarecida. É verdade que as pessoas com diabetes precisam de controlar ou gerir a quantidade de hidratos em cada refeição e o tipo de alimentos que fornece esses hidratos. Mas quantificar ou reduzir quando em excesso, não é o mesmo que eliminar, com vários riscos para a saúde.

Para começar, a quantidade total varia com a idade, género, peso e nível de atividade física de cada pessoa, sendo que a gestão relacionada com a distribuição ao longo do dia (número de refeições e quantidades) é adaptada aos objetivos e tipo de tratamento de cada doente.
A opção mais correta são os alimentos com hidratos de carbono menos processados, sem adição de açúcares, gorduras e sal por um lado, e mais ricos em vitaminas, sais minerais e fibras, importantes para o controlo glicémico e saúde cardiovascular.

Um outro mito que é necessário esclarecer tem a ver com a ingestão de gordura, pois há quem pense que não há necessidade de a controlar, o que não é verdade. Estas devem ser ingeridas com moderação devido ao elevado valor energético, no entanto, considerar a qualidade é fundamental para a saúde cardiovascular, dando preferência às gorduras insaturadas como as que existem no azeite, atum, cavala, salmão e outros peixes, no abacate, ou em frutos oleaginosos sem sal como as amêndoas, nozes, avelãs, etc.

O número de diabéticos em Portugal ascende a um milhão e mais de 50% da população sofre de obesidade ou excesso de peso - uma população que precisa urgentemente de ser incentivada e ajudada a comer melhor e a mexer-se mais. O maior combate pela prevenção da diabetes é a redução da obesidade.

José Manuel Boavida, presidente da APDP, alerta: esta não é uma luta só individual mas, essencialmente, uma guerra contra interesses económicos e culturais estabelecidos, e pela criação de estruturas de apoio e motivação a todos aqueles que procuram ser mais saudáveis, perdendo peso, evitando o estigma e conseguindo evitar todas as suas consequências nefastas.

Fonte: Tupam Editores

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