ALZHEIMER

Custos anuais com Alzheimer representam 1% do PIB nacional

A doença de Alzheimer gera um custo anual de cerca de dois mil milhões de euros, sendo a maioria das despesas referentes a custos diretos não médicos, tais como cuidadores informais e apoios sociais, concluiu o estudo “Custo e Carga da Doença de Alzheimer em Portugal”.

Custos anuais com Alzheimer representam 1% do PIB nacional

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O Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa divulgou as conclusões do estudo, que consiste numa análise desenvolvida pelo CEMBE com o apoio da Biogen, empresa de biotecnologia pioneira na área das Neurociências.

Segundo esta investigação, que avaliou a presença desta patologia numa amostra da população residente em Portugal continental com idade igual ou superior a 65 anos, a doença de Alzheimer é responsável por cerca de sete por cento dos anos de vida perdidos por morte prematura nesta faixa etária, sendo este impacto superior nas mulheres, com uma percentagem de 7,6 por cento, enquanto os homens alcançam apenas 6,4 por cento.

Já ao nível dos anos perdidos por incapacidade, o estudo revela que o Alzheimer foi responsável por 45 754 anos perdidos por incapacidade, mais de dois terços dos gerados pela aterosclerose. Novamente, a maioria dos anos perdidos por incapacidade incidem sobre o sexo feminino (60 por cento).

Outra conclusão deste estudo destaca os custos da doença para a sociedade, que gasta, todos os anos, uma média de dois mil milhões em custos diretos médicos e não médicos, um valor que equivale a um por cento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

No topo da estimativa das principais despesas com a doença de Alzheimer identificam-se os gastos com cuidadores informais, que atingem cerca 1,1 mil milhões de euros, e os apoios sociais – concretamente com a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, com a Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, e com o apoio a pessoas no domicílio – que totalizam um custo anual de cerca de 551 milhões de euros, equivalente a uma despesa média anual de cerca de 3800 euros por doente. Estas despesas são superiores em caso de doença mais grave.

Relativamente aos custos diretos médicos – que representam 11 por cento do total dos custos anuais associados à doença de Alzheimer – a principal fatura vai para os cuidados em ambulatório (diagnóstico, seguimento, psicoterapia e intervenção cognitiva, e tratamentos de reabilitação), que obtêm um custo total estimado de cerca de 166 milhões de euros – em que o custo médio anual por doente ronda os 1700 euros.

De acordo com Isabel Santana, diretora do Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e membro do Grupo de Estudos do Envelhecimento Cerebral e Demência, professora catedrática da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, “os resultados agora apresentados vêm colocar em perspetiva duas prioridades para Portugal: em primeiro lugar, a necessidade de se refletir sobre o papel do cuidador informal e a importância de ter estratégias e políticas públicas que garantam a proteção social e financeira deste grupo; e, em segundo lugar, a importância de manter o foco na investigação científica e no desenvolvimento de tratamentos capazes de prolongar a qualidade de vida dos doentes”.

Concordante com esta perspetiva é a visão da Alzheimer Portugal: “estamos expectantes de que a apresentação destas conclusões possa servir para reforçar aquela que tem sido uma das principais bandeiras da Alzheimer Portugal – o reconhecimento das Demências como uma prioridade nacional de saúde pública e a implementação dos Planos Regionais de Saúde para as Demências. É cada vez mais importante que se desenvolvam soluções robustas e adaptadas à realidade das pessoas com Doença de Alzheimer e respetivos familiares e cuidadores, de modo a reduzir, justamente, a carga e os custos que esta doença acarreta”, refere Manuela Morais, presidente da direção nacional da Alzheimer Portugal.

A doença de Alzheimer é uma doença neurológica progressiva e o tipo de demência mais frequente. Uma das características desta doença é a acumulação progressiva de placas da proteína beta-amiloide no cérebro, que eventualmente acaba por comprometer a ligação entre as células cerebrais e, por isso, deteriorar as próprias células, levando à perda de um conjunto de funções cognitivas, especificamente a capacidade de memória, de raciocínio, de linguagem, de concentração, etc. À medida que a pessoa vai perdendo estas capacidades (sem as conseguir recuperar), dá-se o aumento da sua dependência e, na maioria dos casos, a morte da pessoa.

De acordo com o estudo do CEMBE, estima-se que em Portugal existam cerca de 194 mil pessoas com demência, das quais 60 a 80 por cento são casos de doença de Alzheimer – perto de 145 mil.

À medida que a idade avança, maior é a probabilidade de uma pessoa desenvolver esta patologia, tal como demonstram os dados recolhidos para este estudo, que indicam que a prevalência da doença de Alzheimer se encontra nos 1,76 por cento nos homens entre os 65 e os 69 anos, chegando aos 12,75 por cento naqueles com mais de 80 anos. No caso das mulheres, o grupo entre os 65 e os 69 anos regista uma prevalência de 0,35 por cento da doença de Alzheimer, enquanto a população feminina com mais de 80 anos detém uma prevalência desta patologia de 13,61 por cento.

Fonte: Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE)

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