CÉLULAS ESTAMINAIS

Tratamento com células do cordão umbilical beneficia diabéticos

A administração de células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical a doentes com diabetes tipo 1 é segura e exerce um efeito benéfico de preservação da função das células pancreáticas produtoras de insulina, e consequentemente, no nível de insulina produzida pelo próprio organismo, segundo um novo estudo publicado na revista científica Stem Cell Research and Therapy.

Tratamento com células do cordão umbilical beneficia diabéticos

MEDICINA E MEDICAMENTOS

CÉLULAS ESTAMINAIS, O INÍCIO DE UM NOVO PARADIGMA TERAPÊUTICO

A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune caracterizada pela perda progressiva de células do pâncreas produtoras de insulina. Uma vez que o organismo não produz insulina suficiente, os doentes com diabetes tipo 1 necessitam de injeções frequentes desta hormona, de forma a controlar os níveis de açúcar no sangue. Não existe, atualmente, nenhuma opção terapêutica capaz de travar eficazmente a doença.

A terapia com células estaminais mesenquimais tem sido investigada para prevenir a progressão da diabetes tipo 1, com resultados promissores. À semelhança dos estudos em modelo animal, que demonstraram que as células estaminais mesenquimais são capazes de retardar o aparecimento e a progressão de diabetes tipo 1, ensaios clínicos preliminares evidenciaram a segurança desta terapia em humanos e o seu potencial para travar a progressão da doença.

Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, explica que “as células estaminais mesenquimais podem ser obtidas a partir de tecido do cordão umbilical, colhido na altura do parto através de um procedimento simples e indolor. Para além de possuírem uma grande capacidade de multiplicação em laboratório, estas células são capazes de regular o sistema imunitário, apresentando um grande potencial para o tratamento de doenças autoimunes”.

O estudo agora publicado comparou a evolução clínica de 27 doentes, a quem, para além da terapêutica convencional, foram administradas células estaminais, com a de 26 doentes tratados recorrendo apenas à terapêutica convencional, baseada na administração de insulina.

A média de idades dos participantes foi de 25 anos, tendo sido diagnosticados com diabetes tipo 1 entre zero a 24 meses antes do início do estudo. Todos apresentavam excesso de açúcar no sangue, requerendo terapêutica com insulina, iniciada imediatamente após o diagnóstico.

O tratamento experimental consistiu na administração, por via intravenosa, de duas doses de células estaminais do tecido do cordão umbilical, com três meses de intervalo.

Após um ano de seguimento, 40,7 por cento dos doentes tratados com células estaminais permaneciam em remissão clínica, em contraste com apenas 11,6 por cento dos doentes do grupo controlo. Este dado indica que o tratamento experimental teve um efeito positivo na preservação da função das células pancreáticas produtoras de insulina e, subsequentemente, no nível de insulina produzida pelo próprio organismo (insulina endógena). Este resultado é importante tendo em conta que, na maioria dos doentes, o nível de insulina endógena produzido vai decrescendo ao longo do tempo.

Outro resultado significativo deste estudo, que sugere que o tratamento experimental foi eficaz na conservação da função das células pancreáticas produtoras de insulina, foi o facto de três doentes tratados com células estaminais terem deixado de necessitar de insulina durante algum tempo (4, 12 e 20 meses), após o tratamento, em contraste com o grupo controlo, em que nenhum doente se tornou independente da administração de insulina.

Além disso, um ano após o início do estudo, os níveis de péptido C – que refletem os níveis de insulina endógena – eram melhores nos participantes adultos tratados com células estaminais, comparativamente aos do grupo controlo.

Os autores da investigação sublinham que, apesar destas evidências, é necessário realizar mais estudos, com maior número de doentes, que confirmem estes resultados, antes da sua aplicação na prática clínica.

Fonte: Crioestaminal

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