Vírus de vegetal pode ajudar na resposta imunitária contra o cancro
O vírus do mosaico do feijão (CPMV, na sigla em inglês) pode ser utilizado para tratar tumores cancerígenos, descobriram cientistas norte-americanos num estudo publicado na revista Biomaterials.
MEDICINA E MEDICAMENTOS
AS FRAGILIDADES DO SISTEMA IMUNITÁRIO
O sistema imunitário, é um dos mais complexo sistema do organismo – órgãos linfóides, células e moléculas, comunicam entre si apenas com um objectivo: defender o organismo. LER MAIS
Um estudo anterior já tinha demonstrado que um vírus vegetal que não infeta mamíferos, o CPMV, quando injetado em tumores cancerígenos, estimulava fortemente o sistema imunitário a atacar e muitas vezes a eliminar o tumor.
No entanto, muito pouco se sabia sobre o reconhecimento imunológico dos vírus vegetais e como o CPMV estimula o sistema imunitário.
Durante a nova investigação, foi possível identificar exatamente como o CPMV é reconhecido pelo sistema imunitário, sendo que este é reconhecido como um agente patogénico através de uma família de recetores nas células imunitárias chamados recetores do tipo Toll, que reconhecem moléculas que sinalizam a invasão de um agente patogénico e enviam um sinal de aviso às células imunitárias.
Quando os tumores são injetados com CPMV, o sistema imunitário ativa e ataca os tumores através do reconhecimento deste padrão patogénico.
Durante o processo de estimulação imunitária, as células imunitárias libertam proteínas que sinalizam e ativam outras células imunitárias, conhecidas como citocinas, disseram ainda os autores do estudo.
Os investigadores identificaram três recetores do tipo Toll que reconhecem o CPMV, mostrando também que uma citocina, chamada interferon alfa, teve um forte impacto antitumoral quando utilizada como vacina in situ para tratar o cancro.
A vacinação in situ, na qual os tumores são tratados diretamente com reagentes imunoestimulantes, tem o potencial para melhorar a imunoterapia do cancro de uma forma segura e barata, consideram os cientistas.