PANDEMIA

Stress, ansiedade e depressão agravam com segundo confinamento

Um estudo da Escola de Medicina da Universidade do Minho revela um novo agravamento dos sintomas de stress, ansiedade e depressivos no início do segundo confinamento.

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A investigação, liderada por Pedro Morgado e Maria Picó-Perez, analisou os dados recolhidos entre março e abril de 2020 comparativamente com os de fevereiro e março de 2021.

Os indicadores mostram que em fevereiro de 2021 os nossos níveis de stress, ansiedade e sintomas depressivos retornaram para níveis semelhantes aos verificados em março de 2020, tendo depois diminuído ao longo do tempo. Este fenómeno replica a reação com adaptação que já se tinha observado no primeiro confinamento.

Por outro lado, os sintomas obsessivos (medidos, por exemplo, pela lavagem excessiva das mãos) diminuíram sistematicamente desde o início da pandemia, apresentando em 2021 valores significativamente mais baixos do que os observados em março de 2020.

Pedro Morgado considera que os resultados do estudo estão em linha com o observado ao longo deste segundo confinamento. “Apesar de termos mais conhecimento acerca do vírus e de estarmos melhor preparados para as dificuldades do confinamento, também estamos mais cansados e vimos defraudada a expetativa de que 2021 seria muito melhor do que 2020”.

Salienta-se, contudo, que “o ser humano tem uma extraordinária capacidade de adaptação e que, apesar das adversidades, os sintomas reduziram-se ao longo do confinamento”.

E os nossos hábitos mudaram? Também houve alterações nas nossas rotinas e, consequentemente, nos hábitos. O inquérito coordenado pela Escola de Medicina da Universidade do Minho procurou também encontrar mudanças em hábitos pouco saudáveis entre a população inquirida, onde se destaca o aumento do consumo de tabaco e de “comida de plástico” (ambos com um aumento de 12,8 por cento entre o primeiro e o segundo confinamento).

O consumo de álcool também teve um aumento particular (11,2 por cento), sendo sobretudo notório entre os homens, que aumentaram o seu consumo de álcool em 22,6 por cento. O consumo de bebidas energéticas aumentou em 6,3 por cento, o consumo de jogos de fortuna e azar aumentou em 2,3 por cento e o consumo de canábis aumentou em 1,0 por cento dos participantes.

Na área da saúde também se registaram mudanças, com um aumento da população que tem consultas de psicologia e/ou psiquiatria. Em fevereiro deste ano, mais de 20 por cento da amostra tinha consultas de saúde mental em curso.

Sobre esta matéria, Pedro Morgado salienta a importância das medidas de prevenção de comportamentos e monitorização dos comportamentos aditivos que, recorda, “são sempre mecanismos desadaptativos de gestão do sofrimento”.

Estas alterações comportamentais irão aumentar as situações de doença psiquiátrica pelo que é preciso garantir um reforço ao nível da oferta de cuidados de psiquiatria e saúde mental, em linha com o que tem sido defendido pelo Programa Nacional para a Saúde Mental da DGS.

Fonte: Escola de Medicina da Universidade do Minho

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