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Pandemia: desigualdades no acesso a cuidados paliativos aumentaram

A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) remeteu, no passado dia 8 de março, uma Carta Aberta ao primeiro-ministro e à ministra da Saúde, exigindo que os cuidados paliativos passem a ser entendidos como uma verdadeira prioridade que são no investimento em cuidados de saúde.

Pandemia: desigualdades no acesso a cuidados paliativos aumentaram

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De acordo com a APCP, a pandemia veio agravar as desigualdades no acesso aos Cuidados Paliativos em Portugal e acentuar “a fragilidade destas respostas”. Na carta dirigida a António Costa e Marta Temido, a APCP sublinha que “estamos bem conscientes de como os cuidados de saúde na comunidade, incluindo os que são assegurados nas instituições de solidariedade social, precisam de um investimento sério”.

No documento a associação expõe ainda a realidade dos hospitais afirmando que “parece não restarem dúvidas sobre a urgência em assegurar cuidados de saúde adequados, de qualidade e rigorosos, aos doentes com necessidades paliativas”.

Segundo a APCP, “alguns desses doentes (“COVID” e “não-COVID”) necessitam(ram), em fase terminal, de internamento em unidades especializadas em cuidados paliativos, mas à esmagadora maioria não lhe foi possibilitado o acesso. Estas unidades, escassas para as necessidades do País, foram, durante a pandemia e em diversos hospitais, encerradas, deixando de haver resposta de internamento especializado em Cuidados Paliativos, incluindo cuidados em fim de vida”.

No documento, a APCP alerta ainda que, “além da existência de mais unidades de Cuidados Paliativos, é urgente que o acesso a equipas especializadas que prestem cuidados diretos ou consultoria a outros profissionais seja uma realidade. Em qualquer serviço de saúde, em qualquer casa”.

“Portugal tem de fazer este caminho com responsabilidade e com a consciência de que não se trata apenas de nomear equipas ou de comprar camas. É preciso garantir que os profissionais de Cuidados Paliativos tenham competência especializada na área, a par das condições e recursos adequados para desenvolver o seu trabalho com a qualidade que os seus utentes merecem”, refere.

Deste modo, a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos vem, através desta Carta Aberta, “exigir que os cuidados paliativos passem a ser entendidos como uma verdadeira prioridade que são no investimento em cuidados de saúde”.

“Trata-se de uma urgência para o SNS, uma vez que os doentes com necessidades paliativas se encontram em todo o sistema de saúde e social. O facto de não terem acesso a cuidados de saúde adequados à sua situação não significa que não estejam a ser atendidos nos serviços, antes que podem estar a receber cuidados desadequados e desproporcionados, que não previnem nem tratam o sofrimento e que, ainda assim, são altamente dispendiosos”, afirma.

Segundo a APCP, “esta é a perceção da prática clínica, fundamentada e reiterada em muitos estudos que o demonstram”. Sublinhando que “o desenvolvimento dos cuidados paliativos aumenta substancialmente a qualidade de vida dos doentes e famílias, diminuindo os custos em saúde, ao diminuir internamentos e reinternamentos hospitalares”, apelam à reabertura integral de todos os Serviços de Cuidados Paliativos que existiam na fase pré-pandémica.

A APCP pede ainda “que sejam consideradas para o Programa de Recuperação e Resiliência as medidas apresentadas por esta Associação na Plataforma de Consulta Pública, assim como que seja nomeada sem mais demoras a nova Comissão Nacional de Cuidados Paliativos, a bem da concretização da Estratégia de Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos”.

Fonte: Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos

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