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COVID-19: percentagem de portugueses que se querem vacinar cai

Um estudo que junta investigadores da Nova SBE a equipas da Universidade de Hamburgo, Rotterdam Erasmus University e Bocconi University, com o objetivo de avaliar as atitudes, preocupações e confiança da população europeia em relação à COVID-19, apresenta agora as conclusões para Portugal da terceira vaga, cuja investigação decorreu entre 8 e 18 de setembro.

COVID-19: percentagem de portugueses que se querem vacinar cai

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Desde a segunda vaga do estudo, revela-se um significativo decréscimo da intenção dos portugueses em serem vacinados contra a COVID-19 quando a vacina ficar disponível.

Se em junho 75 por cento dos inquiridos estavam dispostos a serem vacinados, nesta terceira vaga, o número desce para 63 por cento, caindo 12 pontos percentuais.

A percentagem de pessoas que não pretende vacinar-se aumentou cinco por cento e a dos hesitantes sete por cento, situando-se agora nos 25 por cento.

A redução da vontade em se ser vacinado é evidente em todas as regiões e todas as categorias de idade, com exceção para mais de 65 anos. Os homens são os que se mostram mais dispostos a vacinarem-se (70 por cento).

Analisou-se que a predisposição para a vacina aumenta em função da adesão às medidas de proteção e vice-versa. Ou seja, quem está menos predisposto a vacinar-se contra o COVID-19 também tem menor adesão às medidas de proteção.

Esta tendência também aumenta em função da confiança existente ou não no governo, entidades de saúde e OMS. Naqueles que manifestam uma baixa perceção de risco de contrair COVID-19 ou sobre as suas consequências para a saúde também existe uma baixa disposição para vacinar.

A pesquisa revela ainda que a perceção de confiança na vacina COVID-19 diminui desde junho em todas as categorias de idade, regiões (exceto Açores), sexos e níveis de educação, com 54 por cento dos portugueses completamente confiantes de que a vacina contra a COVID-19 será segura, em comparação com os 70 por cento da segunda vaga do estudo, uma queda de 16 pontos percentuais.

Mais uma vez são os homens que mais confiam na segurança da vacina (60 por cento). A confiança é também mais alta em indivíduos com alto nível de escolaridade (57 por cento).

No que refere à adesão a medidas de proteção em Portugal, regista-se uma ligeira diminuição no distanciamento social de um metro (especialmente entre os menores de 25 anos) e no evitar de abraços, beijos e apertos de mão, ainda que esta diminuição não se compare a alterações drásticas registadas noutros países, igualmente estudados.

As mulheres são as que registam maior nível de adesão às medidas, assim como são as pessoas com maior nível de escolaridade que mais tendem a seguir as recomendações (exceto no que se refere à medida de distanciamento social).

Quanto maior a perceção de risco em contrair o vírus ou quanto às suas consequências para a saúde, maior adesão às medidas de proteção e vice-versa.

Os mais jovens são os que se encontram menos dispostos a usar máscaras. Por outro lado, as pessoas com maior nível de escolaridade estão mais dispostas e propensas a usar máscara em lugares públicos.

O acesso aos cuidados de saúde revelou que mais de metade dos inquiridos tiveram as suas consultas ao médico ou dentista atrasadas ou adiadas devido à situação pandémica e um em cada três português viu as suas consultas hospitalares ou de especialidade adiadas ou desmarcadas. A perceção de falta de cuidados de saúde é mais notória entre os inquiridos com mais de 45 anos de idade.

No que diz respeito ao ensino, mais de 50 por cento dos pais questionados considera que a quantidade e qualidade do ensino durante a pandemia foi menor e pior do que no período pré-COVID.

Mais de 50 por cento dos pais revela sentir-se preocupados e ansiosos com a escolaridade de seus filhos neste outono, sendo que a maioria dos pais prefere que os filhos frequentem as escolas ao invés das aulas online em casa, mas em turmas reduzidas (62 por cento).

Um total de 83 por cento dos inquiridos na terceira vaga do estudo desaprovam férias no exterior e consideram que aqueles que incorrem tais riscos deveriam assumir os custos pelos testes COVID-19 (74 por cento) e auto-quarentena (87 por cento).

No que se refere a cultura e lazer, quase metade dos portugueses apoia a reabertura de cinemas (46 por cento) e teatros (45 por cento). Mais de metade desaprovam a reabertura de bares (54 por cento), discotecas (70 por cento) e espaços de concertos (53 por cento).

Destaque ainda para o facto de serem os mais jovens os que se posicionam contra a reabertura de estádios ao público (55 por cento) face às faixas etárias mais velhas.

Em traços gerais denotou-se ainda uma ligeira diminuição na confiança nas informações das notícias nacionais e veiculadas pelo governo.

Em relação à anterior vaga do estudo, as preocupações com a saúde, sobre a perda de um ente querido e sobre o sistema de saúde ficar sobrecarregado aumentaram de 67 por cento (dados de junho) para 76 por cento.

De entre os países europeus envolvidos na pesquisa, Portugal continua a ser o país onde existe uma maior preocupação com o impacto da pandemia na saúde. No que se refere às as preocupações económicas, não se registou alterações significativas em comparação a junho.


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