DERMATOLOGIA

Despesas de doentes com dermatite atópica são elevadas

Estima-se que a dermatite atópica (DA) custe todos os anos cerca de mil milhões de euros aos doentes e ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). Este valor está relacionado com produtos e serviços de saúde (urgências, consultas e medicamentos) bem como deslocações e tratamentos complementares. Grande parte do valor é totalmente suportado pelos doentes (800 milhões de euros).

Despesas de doentes com dermatite atópica são elevadas

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O impacto desta doença inflamatória crónica da pele na sociedade portuguesa inclui ainda custos indiretos relacionados com absentismo laboral e perda de produtividade num valor estimado de 1 477 milhões de euros.

No dia em que se assinala o Dia Mundial da Dermatite Atópica são libertadas as principais conclusões do primeiro estudo sobre o impacto social e económico da DA em Portugal. Este estudo foi realizado pela NOVA Information Management School (NOVA IMS) da Universidade Nova de Lisboa, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV) e com Associação Dermatite Atópica Portugal (ADERMAP), com apoio da Sanofi.

O estudo analisa o impacto desta doença nas diferentes dimensões da qualidade de vida, o impacto económico da doença e o impacto das variáveis mediadoras como absentismo, presenteísmo e produtividade.

A dermatite atópica mostrou ter um elevado impacto para as pessoas com DA. Estas gastam, em média, 1 818 Euros por ano na gestão da sua doença. No que diz respeito apenas aos custos com medicamentos, um doente com DA ligeira gasta em média 530 Euros e um doente com a forma mais grave quase que quadruplica os seus gastos para 2 054 euros.

Relativamente aos efeitos do absentismo ou perda de produtividade, por parte de doentes e cuidadores, a DA representa uma perda de 1 477 mil milhões de Euros, todos os anos.

“Os resultados do estudo hoje apresentado demonstraram a existência de um impacto muito significativo nos vários níveis da qualidade de vida do doente com DA, mas também na economia nacional. Por outro lado, torna-se evidente que o investimento nesta doença inflamatória crónica por parte do estado e dos doentes, tem um significativo retorno positivo para a sociedade, que se traduz em qualidade de vida do doente, e numa importante mitigação do seu impacto económico”, avança Pedro Simões Coelho, coordenador do estudo da NOVA IMS.

Para além do impacto económico, o estudo revelou um enorme impacto social e na qualidade de vida dos doentes e seus cuidadores.

O estudo mostrou que as pessoas que vivem com DA demoram, em média, 44 minutos por dia a tratar da sua doença. Este tempo dedicado ao tratamento e alívio dos sintomas cresce na DA moderada para 63 minutos e na DA grave para 81 minutos por dia, o que significa que nos casos mais graves os doentes dedicam sempre mais de uma hora à gestão da DA.

Metade das pessoas com DA grave refere que passa mais de 14 noites mal dormidas por mês. No geral, 34 por cento de todos os inquiridos refere ter dificuldades em dormir, o que ilustra o impacto que a doença tem na vida de quem sofre de DA. Os doentes com DA estariam dispostos a abdicar de 21 por cento do seu rendimento anual para conseguirem eliminar a doença e todos os sintomas associados.

O diagnóstico desta doença é um processo muitas vezes lento, podendo demorar até 6 anos. Em média, o tempo entre os primeiros sintomas e a confirmação do diagnóstico é de dois anos.

Joana Camilo, presidente da ADERMAP, comenta que “a dermatite atópica é uma doença crónica comum, com um impacto físico e psicológico contínuo e que pode ser violento na vida social, familiar, profissional e económica das pessoas. Falamos de, por exemplo, comichão e dor permanente e globalizada no corpo, que nos impede de dormir e tem repercussões a todos os níveis da nossa vida. Na maioria das pessoas, acresce ainda outras comorbilidades que fazem piorar ainda mais o nosso estado de saúde e agravar a qualidade de vida que nalguns casos é inexistente. É uma doença que tem de ser valorizada, pelos doentes, pelas famílias e pelo Estado. Este estudo demonstra que investir na melhoria da saúde das pessoas com DA pode representar ganhos para a economia do país e poupança para o SNS”.

No ano anterior ao estudo, 16 por cento dos inquiridos recorreram ao serviço de urgência do SNS devido à DA, o que demonstra que estas pessoas não tinham a sua doença controlada.

Outra das conclusões do estudo foi a assimetria verificada entre os cuidados de saúde a nível público e privado. Cerca de 70 por cento dos inquiridos recorreram ao sistema de saúde privado devido à DA. Para 86% dos doentes esta escolha foi justificada pelo menor tempo de espera para uma consulta, que para a especialidade de dermatologia, é oito vezes superior no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Os dados deste estudo evidenciam que estes doentes têm muito do seu acompanhamento no sector privado, o que revela uma fragilidade assistencial no apoio a estes doentes. A relevância do sistema de saúde privado para estes doentes, mostra que existem questões de equidade que necessitam de ser garantidas para um acesso à saúde justo para todos”, reitera o presidente da SPDV, Miguel Peres Correia.

Fonte: Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV)

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