PARKINSON

Desenvolvidos exercícios para sintomas motores de Parkinson

Um dos sintomas mais incapacitantes da doença de Parkinson é o chamado congelamento da marcha, que consiste na interrupção súbita ou intermitente da caminhada, além da impossibilidade de retomada dos movimentos de locomoção.

Desenvolvidos exercícios para sintomas motores de Parkinson

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Com resultados que podem ter repercussão internacional, cientistas da Universidade de São Paulo (USP), no Brasil, demonstraram ser possível reduzir este problema por meio de um protocolo de exercícios físicos que estimula simultaneamente diferentes habilidades motoras e cognitivas dos doentes com Parkinson.

A investigação mostrou ainda que o treino modifica áreas cerebrais relacionadas com as alterações fisiológicas do congelamento da marcha.

A descoberta está associada sobretudo ao efeito da plasticidade cerebral, através da qual o treino leva a um aumento da ativação dos neurónios, neste caso, nas áreas relacionadas com os mecanismos neuronais e motores que acarretam o congelamento da marcha.

“Além do relato positivo dos pacientes que realizaram o treino, os testes clínicos também apontaram para uma melhoria significativa e clinicamente relevante de 60 por cento de diminuição do congelamento da marcha e 70 por cento dos sintomas motores da doença. Outro resultado importante do trabalho foi a restauração das áreas do cérebro diretamente relacionadas com esse problema. A plasticidade cerebral nessas áreas é um preditor na melhoria do congelamento da marcha”, explicou a investigadora Carla da Silva Batista.

A reativação das áreas do cérebro foi comprovada por meio de imagens de ressonância magnética funcional. O protocolo é o primeiro a reduzir os sintomas de congelamento da marcha - avaliado clinicamente de forma objetiva - e a registar alterações nas áreas cerebrais relacionadas com a patofisiologia desse sintoma.

De acordo com a investigadora, a ativação da região cerebelar (relacionada com a automaticidade da marcha) e da região mesencefálica (associada aos ajustes posturais e à cognição) explica a reversão do congelamento da marcha após o treino adaptado.

Embora não tenha tratamento específico, o congelamento da marcha é um dos principais motivos de queda entre portadores da doença de Parkinson. Juntamente com tremores e dano cognitivo, o problema é um dos responsáveis pela perda de qualidade de vida dos doentes.

Estimativas apontam que o congelamento da marcha afeta aproximadamente 26 por cento dos pacientes em estágio moderado de Parkinson e 80 por cento dos casos mais graves.

Geralmente, o problema ocorre quando a pessoa está a caminhar: o pé paralisa, levando o indivíduo a quedas, fraturas e internamentos precoces. Outra forma comum de congelamento da marcha ocorre quando a pessoa se levanta ou inicia uma caminhada e ocorre a paralisia do pé, fazendo com que o indivíduo tropece, - ou caminhe aos trancos - até que caia ou entre, repentinamente, em movimento regular.
“Não se sabe exatamente o que provoca o congelamento da marcha, apenas que existem alguns fatores que podem ser preditores importantes, como o maior uso de medicamentos para Parkinson, o avanço da doença, o declínio cognitivo severo, além de fatores stressantes e ansiedade”, explica.

No entanto, há casos de pacientes que, apesar de terem todas as características preditoras descritas, não desenvolvem o problema.

A despeito de a causa do congelamento da marcha ser ainda desconhecida, os cientistas desenvolveram o esquema de treino a partir da seleção de exercícios relacionados com domínios e características preditoras ou comuns em indivíduos com o problema.

Dessa forma, o treino combinou quatro tipos de exercício que deveriam ser realizados simultaneamente: sensório-motor, sobrecarga, coordenação motora e demanda cognitiva.


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