ESCLEROSE

Criado sensor que deteta esclerose múltipla em fase precoce

Cientistas da Universidade Federal de São Carlos, no Brasil, desenvolveram uma técnica para diagnosticar precocemente a esclerose múltipla e distingui-la de outra patologia similar, a neuromielite ótica.

Criado sensor que deteta esclerose múltipla em fase precoce

DOENÇAS E TRATAMENTOS

HEPATITE C: CURA E CUSTOS

Em pessoas acometidas por essas enfermidades, o sistema imunológico produz anticorpos que atacam e danificam parte da camada da bainha de mielina, a capa protetora que envolve os neurónios e auxilia na transmissão dos impulsos nervosos. Com o tempo, surgem lesões permanentes em regiões do cérebro.

Para detetar herbicidas, metais pesados e outros poluentes, que também afetam o sistema nervoso, a equipa já tinha desenvolvido um nanobiossensor - um sensor com dimensões nanoscópicas feito com materiais biológicos.

O que se confirmou agora é que o mesmo sensor permite observar a interação entre os anticorpos presentes nas amostras de pacientes depositadas num microscópio eletrónico e os peptídeos que compõem a bainha de mielina.

“Com o microscópio de força atómica é possível detetar a presença de anticorpos específicos para cada uma dessas duas doenças no líquor e no soro sanguíneo. Se os anticorpos forem atraídos pelos peptídeos que depositamos no sensor durante o teste, é sinal de que o paciente tem a doença. O equipamento é muito sensível e capaz de identificar uma quantidade pequena desses anticorpos, ou seja, é capaz de diagnosticar ainda nas fases iniciais da doença”, explicou o investigador Fábio de Lima Leite.

A esclerose múltipla é diagnosticada clinicamente a partir de sintomas relatados pelo paciente e por exames de ressonância magnética, que identificam lesões em determinadas áreas do cérebro. Os dois equipamentos têm custo muito elevado, enquanto o nanobiossensor poderá ser muito barato.

“Foi necessário purificar o líquor e o soro para deixar só os anticorpos na amostra. Assim, foi possível detetar anticorpos específicos para a esclerose múltipla, como o anti-MBP85-99 [antiproteína básica de mielina]. Se esses anticorpos estiverem a circular nos pacientes, é provável que eles tenham esclerose múltipla. O nosso próximo objetivo no estudo é conseguir fazer um sensor que não precise de amostras purificadas”, adiantou o investigador.

A equipa também conseguiu identificar a neuromielite ótica e diferenciá-la da esclerose múltipla. “Já existe um biomarcador específico para a doença. Portanto, foi possível detetar o anticorpo da aquaporina-4 em amostras de pacientes, utilizando o mesmo método usado para identificar a esclerose múltipla”, explicou a investigadora Ariana de Souza Moraes.

Atualmente, a neuromielite ótica pode ser identificada por uma metodologia conhecida como ELISA (ensaio de imunoabsorção enzimática, na sigla em inglês), de baixo custo e amplo alcance para a população. “Porém, essa plataforma não é tão sensível quanto o nanoimunossensor e não deteta a doença em estágios iniciais”, concluiu a cientista.


OUTRAS NOTÍCIAS RELACIONADAS


ÚLTIMAS NOTÍCIAS