PANDEMIA

Partilha de dados é o futuro do setor da saúde

A cimeira online organizada nos passados dia 7 e 8 de maio pelo Fórum Hospital do Futuro, com o apoio da Devscope, da Glintt, da GS1 Portugal, HLTSYS – HealthySystems, da Novartis, da Sectra e da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, reuniu um amplo consenso entre os mais reputados especialistas em dados em saúde sobre a importância chave que os dados podem ter, quer no combate à COVID-19, quer na prevenção de próximas pandemias.

Partilha de dados é o futuro do setor da saúde

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As sessões - em formato de partilha de ideias - contaram com a presença de 42 especialistas das áreas da saúde e tecnologia, bem como representantes de entidades públicas nacionais e internacionais, que identificaram diferentes perspetivas sobre o contributo dos dados nas várias áreas da saúde.

Neste Fórum, que contou com mais de 200 inscritos e, até ao momento, mais de quatro mil visualizações nas redes sociais, foi abordado o papel dos dados enquanto ferramentas para a prestação de cuidados de saúde, mas também como forma de monitorizar a saúde da população.

Esta reunião equacionou ainda diferentes contributos da associação da inteligência artificial à exploração de big data no setor da saúde para a tomada de decisão e a redução das taxas de morbilidade.

Uma das principais conclusões do evento incidiu sobre a importância da colaboração entre o estado, empresas e setor social para o desenvolvimento de projetos relacionados com a partilha de dados em saúde, com o objetivo de melhorar os cuidados com o paciente.

Foi ressalvado que a partilha dos dados deve fazer-se respeitando os requisitos de privacidade, hoje possível com base em algoritmos de anonimização e chaves encriptadas.

A segurança e a privacidade dos dados são uma vantagem competitiva da União Europeia. Estes princípios podem mesmo ser o suporte para a criação de uma base de dados europeia, com o objetivo de partilhar os dados clínicos de pacientes, um passo essencial no sentido da diminuição da morbilidade e da proteção de vidas.
O contributo de vários representantes do Estado Português no evento permitiu concluir que o Governo mantém o seu compromisso com a transformação digital do país no setor da saúde, top-down, em todas as organizações da saúde e através dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde - o braço digital da saúde.

Foi, igualmente, assinalado que Portugal quer liderar um processo de transformação dos sistemas nacionais de saúde na União Europeia, que têm de passar a ser centrados na gestão inteligente de dados em saúde.

Uma das entidades parceiras do Fórum, a GS1 Portugal, já desenvolve standards na área da saúde e aplica a codificação de dados neste setor. O seu diretor executivo, João de Castro Guimarães, ressalva a importância do debate de ideias como forma de reequacionar o futuro da gestão de dados no setor da saúde: “ao longo de dois dias tivemos oportunidade de olhar para os dados na saúde de uma forma transversal, através da visão crítica de vários interlocutores e especialistas mundiais.

Os dados na saúde, a qualidade com que estes são geridos e analisados, bem como a sua interoperabilidade nos vários sistemas e mecanismos, são temas essenciais e que irão ditar uma resposta cada vez mais eficiente e qualitativa dos cuidados de saúde”, sublinha.

As sessões de debate no Health Data Forum ofereceram pistas e caminhos sobre como a tecnologia e os dados poderão contribuir para o futuro da saúde e dos sistemas nacionais de saúde.

Augusto Ernesto Ittig, presidente do RISAD, que participou no painel “Imagens e diagnósticos mais precisos para um atendimento personalizado” fez uma exposição sobre a vantagem e a necessidade da telemedicina. Não só para chegar às geografias mais remotas e aos povos mais isolados, mas também para dinamizar o circuito da medicina hospitalar.

Mahmood Adil, diretor médico em Edimburgo, que moderou o painel “Permitir a colaboração dentro e entre diferentes sistemas de saúde”, destacou que a saúde carece de um novo paradigma de análise: de decisões centradas no estetoscópio há que passar para um paradigma que faça assentar a tomada de decisão num “data-escópio”, ou seja, utilizar os dados para conseguir exercer medicina preventiva. Sublinhou, ainda, a importância de aumentar a saúde das pessoas de uma forma geral, quer ao nível mental como físico, e da adoção de uma ação mais preventiva e preditiva.

Jonathan Gomez-Raja, coordenador científico da Fundesalud da Junta da Extremadura, orador do painel “Os desafios e as oportunidades para o atendimento domiciliar”, referiu o desenvolvimento de uma solução inovadora de telemedicina que está a ser testada na Extremadura, em Espanha. É implementada através de um robot interativo, pensado para um target de população mais idosa ou isolada, que, entre outras funções, emite alertas sobre as horas de medicação, monitoriza e faz a ligação para o contacto de emergência, se necessário.

No painel debate com o tema: “Terapias sob medida e adesão do paciente”, foi abordado o conceito de global data que consiste na partilha de dados ao nível global e foi reforçada a importância da estandardização e da necessidade de se estruturar todos os dados com base numa plataforma comum e partilhada, para que todos possam falar a mesma língua, com o objetivo de chegar a respostas mais rápidas, à partilha de boas práticas ou terapêuticas de sucesso.

Fonte: Fórum Hospital do Futuro

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