Cientistas melhoram eficácia do botox em tratamentos de saúde
As toxinas botulínicas - mais conhecidas como botox - têm vários usos na medicina: tratar a hiperatividade muscular na bexiga hiperativa, corrigir o desalinhamento dos olhos no estrabismo, inibir espasmos no pescoço na distonia cervical, entre muitas outras aplicações.
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Atualmente existem duas toxinas botulínicas - tipos A e B - que são aprovadas pelas autoridades de saúde e amplamente utilizadas.
Embora estas sejam seguras e eficazes, as toxinas também podem afastar-se do local da injeção, reduzindo a eficácia e causando efeitos colaterais.
Um novo estudo, realizado no Hospital Pediátrico de Boston, nos Estados Unidos, revelou agora que alguns pequenos ajustes de engenharia no botox B podem torná-lo mais eficaz e duradouro, com menos efeitos colaterais.
O botox funciona ligando-se aos nervos próximos à sua junção com os músculos, usando dois recetores celulares. Uma vez acoplada, a substância bloqueia a libertação do neurotransmissor, paralisando o músculo.
Os autores procuraram formas de fazer com que o botox B se ligasse mais fortemente às células nervosas, para o manter no lugar e evitar efeitos colaterais.
Noutro membro da família botox, tipo DC, eles identificaram um terceiro meio de ligação com as células nervosas: um “gancho” de ligação lipídica capaz de penetrar nas membranas lipídicas.
Por meio de estudos de modelagem estrutural, o investigador Linxiang Yin e os seus colegas descobriram que, quando determinados aminoácidos estão na ponta do gancho, a toxina pode realmente usá-los para se conectar à superfície da célula nervosa, além de se ligar aos recetores da toxina.
Além disso, descobriu a equipe, embora o botox B contenha essa mesma alça de ligação lipídica, não possui esses aminoácidos essenciais na ponta. Então a equipa adicionou-os através de engenharia genética, criando um botox B otimizado.
Como esperado, as alterações introduzidas aumentaram a capacidade da toxina de se ligar às células nervosas. Num modelo de ratinho, a toxina manipulada foi absorvida pelos neurónios locais ao redor do local da injeção com mais eficiência do que a forma de botox B aprovada, com menos difusão do local da injeção. Isso levou a uma paralisia muscular local mais eficaz, mais duradoura e toxicidade sistémica reduzida.
“Nós criámos uma toxina aprimorada que mostrou maior eficácia terapêutica, melhor faixa de segurança e duração muito mais longa”, disse o professor Min Dong, acrescentando que “a toxina do tipo A não possui a alça de ligação lipídica, por isso ainda estão a trabalhar na engenharia dessa capacidade de ligação lipídica no tipo A”.