Alergias: descoberta sobre sistema imune pode melhorar tratamentos
As células-tronco agem como reservatórios de células que se dividem para produzir novas células-tronco, além de se diferenciar numa infinidade de tipos diferentes de células especializadas, necessárias para garantir a renovação e o funcionamento dos tecidos.
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Agora, cientistas internacionais descobriram uma propriedade surpreendente das células-tronco sanguíneas: estas não apenas garantem a renovação contínua das células sanguíneas e contribuem para a resposta imunológica desencadeada por uma infeção, mas também têm uma “memória” de eventos infeciosos anteriores para gerar uma resposta imune mais rápida e mais eficiente no futuro.
Esta descoberta tem um impacto significativo nas estratégias de vacinação e deve abrir caminho para novos tratamentos de condições nas quais o sistema imunológico apresenta um desempenho insuficiente ou uma reação excessiva, como nas doenças autoimunes e nas alergias.
Comumente chamadas “células-tronco do sangue”, as células-tronco hematopoiéticas (CTH) estão localizadas na medula óssea, o tecido mole que fica no centro de ossos grandes, como os dos quadris e das coxas. O seu papel é renovar o repertório de células sanguíneas, incluindo as células do sistema imunológico, cruciais para combater infeções e outras doenças.
É bem conhecido o facto de que o sistema imunológico possui uma memória que permite responder melhor a agentes infeciosos aos quais o organismo já foi exposto anteriormente. O que os investigadores descobriram agora é que as células-tronco do sangue desempenham um papel central nessa memória.
“Descobrimos que as CTH [células-tronco hematopoiéticas] podem gerar uma resposta imunológica mais rápida e mais eficiente se tiverem sido expostos ao LPS [lipopolissacarídeos], uma molécula bacteriana que imita a infeção”, disse Sandrine Sarrazin, do instituto francês Inserm.
“A primeira exposição ao LPS faz com que sejam depositadas marcas no ADN das células-tronco, à volta de genes importantes para uma resposta imune. As marcas no ADN garantem que esses genes sejam facilmente encontrados, estejam acessíveis e sejam ativados para uma resposta rápida caso ocorra uma segunda infeção por um agente semelhante”, explicou o professor Michael Sieweke, da Universidade Tecnológica de Dresden, na Alemanha.
A equipa estudou como a memória estava inscrita no ADN e descobriu que a proteína beta de ligação C/EBPb é o ator principal, o que revela uma nova função para esse fator, que também é importante para respostas imunes a primeiros ataques.
Estas descobertas devem levar a melhorias no ajuste do sistema imunológico ou a melhores estratégias de vacinação.
“A capacidade do sistema imunológico de rastrear infeções anteriores e responder com mais eficiência na segunda vez em que são encontradas é o princípio básico das vacinas. Agora que entendemos como as células-tronco do sangue “memorizam” os circuitos de resposta imune, deveremos ser capazes de otimizar estratégias de imunização para ampliar a proteção a agentes infeciosos. Isso também pode levar a novas formas para reforçar a resposta imune quando esta apresenta baixo desempenho ou desativá-la quando é exagera”, concluiu o professor Michael Sieweke.