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COVID-19: doentes curados mantêm coronavírus após fim de sintomas

Talvez os 14 dias que estão a ser recomendados mundialmente para isolamento de pacientes confirmados com COVID-19 não sejam suficientes para evitar que eles contaminem outras pessoas.

COVID-19: doentes curados mantêm coronavírus após fim de sintomas

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Investigadores da China e dos Estados Unidos descobriram que metade dos pacientes tratados contra infeção por COVID-19 ainda apresentavam o coronavírus no organismo por até oito dias após o desaparecimento dos sintomas e a alta hospitalar.

O investigador De Chang e os seus colegas monitorizaram 16 pacientes com COVID-19 que foram tratados e libertados do Hospital Geral de Libertação Popular, em Pequim, na China.

Os pacientes estudados tinham uma idade média de 35,5 anos e receberam alta após a sua recuperação e confirmação do status viral negativo por pelo menos dois testes consecutivos de reação em cadeia da polimerase (PCR).

Os cientistas recolheram amostras de esfregaços da garganta de todos os pacientes em dias alternados após a alta.

“A descoberta mais significativa do nosso estudo é que metade dos pacientes continuou a eliminar o vírus, mesmo após a ausência de sintomas. Infeções mais graves podem ter tempos de libertação ainda mais longos”, explicou Lokesh Sharma, da Escola de Medicina de Yale, nos Estados Unidos.

O tempo entre a infeção e o início dos sintomas (período de incubação) nesses pacientes foi de cinco dias, exceto num caso. A duração média dos sintomas foi de oito dias, enquanto o tempo em que os pacientes permaneceram contagiosos após o final dos sintomas variou de um a oito dias.

Embora reconheçam que analisaram um pequeno número de pacientes, a equipa acredita que isso já é suficiente para alterar as recomendações sobre o isolamento de pacientes confirmados como portadores do Sars-Cov-2.

Além disso, todos os pacientes analisados tiveram infeções mais leves, e o problema pode ser pior entre pacientes mais graves.

“Se uma pessoa tem sintomas respiratórios leves da COVID-19 e fica em casa para não infetar terceiros, deve estender a quarentena por mais duas semanas após a recuperação para garantir que não infetará outras pessoas”, recomendou o professor Lixin Xie.

Os autores do estudo também endereçaram uma mensagem especial para a comunidade médica: “os pacientes com COVID-19 podem ser infeciosos mesmo após a recuperação sintomática; portanto, os pacientes assintomáticos/recentemente recuperados devem ser tratados com o mesmo cuidado que os pacientes sintomáticos”.

Os autores também observaram que não está claro se resultados semelhantes se aplicam a pacientes mais vulneráveis, como idosos, pacientes com sistema imunológico suprimido e pacientes em terapia imunossupressora.

“Mais estudos são necessários para investigar se o vírus detetado por PCR em tempo real é capaz de ser transmitido nos estágios posteriores da infeção por COVID-19”, acrescentou o Dr. Xie.


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