RADIAÇÃO

Radiação usada em exames médicos provoca mutações celulares

Os cientistas já sabem há muito tempo que expor células a altas doses de radiação ionizante provoca mutações ao criar fissuras na fita dupla que deixam entrar segmentos externos de ADN.

Radiação usada em exames médicos provoca mutações celulares

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Esses fragmentos estranhos de ADN podem ocorrer no núcleo, remanescentes de processos naturais, como reparação do ADN genómico, mas também por infeções virais.

O que os investigadores queriam saber agora é se as baixas doses de radiação usadas nos exames médicos de imagem teriam também algum efeito colateral prejudicial.

E o que surpreendeu os cientistas é que uma dose baixa de radiação pode ser pior do que uma dose alta.

Quando a equipa contou as células que captaram ADN estranho, descobriram que doses baixas de radiação, na faixa usada em procedimentos diagnósticos comuns, geraram mutações através da inserção de ADN de maneira ainda mais eficiente do que as doses muito maiores estudadas anteriormente.

“A maioria das pesquisas radiobiológicas moleculares está focada em altas doses de radiação ionizante relevantes para o tratamento do cancro, enquanto os efeitos de doses fisiologicamente relevantes de radiação sobre a célula são notoriamente difíceis de serem estudados no nível molecular”, disseram os investigadores.

“A nossa descoberta de que a inserção mutagénica de ADN estranho no genoma da célula é notavelmente sensível às doses encontradas durante os procedimentos diagnósticos, e não terapêuticos, fornece uma nova ferramenta simples e sensível para estudar as suas consequências e revelou detalhes genéticos moleculares surpreendentes de como as células lidam com quantidades naturais de dano no ADN”, disse o professor Roland Kanaar, da Universidade Erasmus de Roterdão, na Alemanha.

Embora os novos resultados em culturas de células sejam potencialmente preocupantes, os autores do estudo enfatizam que a tradução dos efeitos da radiação usada em exames, das células em cultura para efeitos no corpo, ainda é prematura.

Será necessário primeiro realizar experimentos usando modelos animais para determinar todos os efeitos da radiação em baixas doses, e se o seu uso em imagens médicas tem impacto na saúde dos pacientes.

Se o mesmo fenómeno ocorrer dentro do corpo, os médicos talvez precisem de ter em consideração os níveis de ADN estranho, tais como os resultantes de uma infeção viral de longo prazo, ao avaliar o risco de um paciente ser submetido a um exame que requer radiação.


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