INFERTILIDADE

Óvulo desempenha papel ativo no processo de fecundação

Uma descoberta inesperada sobre a fertilização humana revelou novas informações sobre como o espermatozoide e o óvulo se fundem e pode ter implicações importantes para os casais que lutam contra a infertilidade - além de, eventualmente, permitir o desenvolvimento de um futuro contracetivo masculino.

Óvulo desempenha papel ativo no processo de fecundação

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A descoberta reformula o papel do óvulo no processo de fertilização descrito em todos os livros. A noção tradicional do óvulo como elemento passivo para a entrada do espermatozoide está descartada.

Os cientistas descobriram que existem agentes moleculares na superfície do óvulo que se ligam a uma substância correspondente no esperma para facilitar a fusão dos dois.

Até agora, foi transmitida “uma versão da fertilização muito centrada no esperma. E agora está muito claro que é um processo dinâmico em que o esperma e o óvulo estão igualmente e ativamente envolvidos no objetivo biológico final de obter a fertilização”, disse o professor Kodi Ravichandran, da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos.

A equipa estava a estudar como o esperma imaturo passa por estágios de desenvolvimento nos testículos. Eles observaram então algo incomum: alguns espermatozoides imaturos que pareciam estar a morrer não estavam de facto a morrer - estavam vivos e saudáveis.

Esses espermatozoides tinham um marcador molecular na sua superfície sugerindo que se tratava de uma célula moribunda, e esse marcador ficava mais forte à medida que o esperma amadurecia.

“Inicialmente, isso não fez sentido”, disse o pesquisador Jeffrey Lysiak. “Tivemos que fazer vários testes para mostrar que, de facto, eram espermatozoides vivos e móveis”, afirmou.

O que a equipa descobriu é que esse marcador no espermatozoide, denominado fosfatidilserina (FS), que geralmente diz ao corpo para remover as células em processo de morte, é usado de maneira diferente e muito importante durante a fertilização.

A fosfatidilserina normalmente é mantida no interior das células até a sua morte, mas também é exposta deliberadamente na superfície do esperma saudável e vivo.

Enquanto isso, o óvulo expressa elementos proteicos que envolvem específica e ativamente a FS (fosfatidilserina) no esperma. Esse reconhecimento baseado em FS, juntamente com outras interações, promove a fusão do espermatozoide com o óvulo. De facto, mascarar a FS no esperma, ou impedir que os recetores do óvulo reconheçam o esperma, bloqueou a fertilização com bastante eficácia.

Com base nessa descoberta, os médicos poderão, no futuro, tentar aumentar a exposição da FS sobre o espermatozoide para melhorar a probabilidade de conceção.

Também poderão examinar o esperma de um homem antes da fertilização in vitro para selecionar espermatozoides com maior probabilidade de resultar em gravidez. Isso pode ajudar a evitar a necessidade de várias tentativas e reduzir o custo da reprodução assistida.

Os pesquisadores acreditam que encontrar uma forma de inativar a fosfatidilserina na “cabeça” do esperma pode ser uma forma potencial de contraceção eficaz.


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