OBESIDADE

SPEO quer ver obesidade a ser tratada como doença em fase precoce

No âmbito do 23.º Congresso Português da Obesidade, que se realizada de 22 a 24 de novembro, em Braga, a Sociedade Portuguesa Para o Estudo da Obesidade (SPEO) alerta para a necessidade de a obesidade passar a ser tratada como a doença que é.

SPEO quer ver obesidade a ser tratada como doença em fase precoce

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Paula Freitas, presidente da SPEO, questiona: “se as outras doenças metabólicas, cardiovasculares e até neoplásicas associadas à obesidade são tratadas no sistema nacional de saúde, sendo os fármacos para o seu tratamento comparticipados, porque é que o os fármacos para a obesidade não o são? É incompreensível. Estamos a negar o tratamento de uma doença numa fase precoce, mas, posteriormente comparticipa-se o tratamento das múltiplas doenças associadas? Até do ponto de vista meramente económico consideramos que faz sentido apostar no tratamento numa fase inicial quando as complicações ainda não se instalaram”.

“Dado que, em Portugal a prevalência de obesidade na população adulta tem vindo a aumentar e uma vez que o nosso país foi um dos primeiros a reconhecer a obesidade como uma doença, a SPEO gostaria de ver a obesidade a ser tratada como a patologia grave que é”, reforça a presidente da SPEO.

Paula Freitas defende que Portugal tem ainda um longo caminho a percorrer no tratamento da obesidade e aponta medidas concretas: “ainda há muito espaço para se melhorar no acompanhamento destes doentes. É preciso um diagnóstico mais atempado e reencaminhamento dentro do sistema de saúde, apostar na promoção de uma melhor educação para a saúde e promoção correta da perda de peso. Existe também a necessidade de uma reestruturação dos programas de tratamento existentes no nosso país. Há que dotar os profissionais de saúde dos Cuidados de Saúde Primários de conhecimentos sobre o tratamento global da obesidade, mas também de meios físicos e económicos”.

“Nos cuidados hospitalares é preciso aumentar o número de consultas para doentes com obesidade sem critérios para cirurgia de obesidade. E para que estas consultas tenham maior sucesso é necessário comparticipar os fármacos para o tratamento médico da obesidade, já que atualmente existe uma muito baixa acessibilidade, nomeadamente nas populações economicamente mais desfavorecidas, que são aquelas que têm uma maior prevalência de obesidade”, conclui a especialista.

Entre 2020 e 2050 o excesso de peso e as doenças associadas vão reduzir a esperança de vida em cerca de três anos na média dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) e da União Europeia a 28. Em Portugal, a estimativa aponta para uma redução de 2,2 anos nesse período, segundo o relatório ‘The Heavy Burden of Obesity: The Economics of Prevention’, que a OCDE divulgou recentemente.

Estes dados preocupam a SPEO que no seu congresso de 2019 vai reunir especialistas de diferentes áreas para procurar soluções multidisciplinares para esta que é a epidemia dos países desenvolvidos.

Assim, a SPEO convidou as Sociedades Portuguesas de Pneumologia, Neurologia e Contraceção, bem como Associação Portuguesa dos Fisiologistas do Exercício Físico para que em conjunto se possa compreender melhor a forma como a obesidade afeta vários aspetos da saúde.

Sob o lema “Todos Juntos por uma Causa”, o congresso terá 16 Simpósios, nove Conferências, cinco Encontros com o Especialista e um debate sobre “Obesidade e questões de peso”, entre outros momentos de análise sobre o “peso” da obesidade.

A obesidade tem um enorme impacto na saúde, estando associada a mais de 200 outras doenças, como diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial, apneia do sono, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares, incontinência urinária, e cerca de 13 tipos de cancros, sendo ainda responsável por alterações músculo-esqueléticas, infertilidade, depressão, diminuição da qualidade de vida e mortalidade aumentada, o que faz com que represente também um grande “fardo” do ponto de vista económico, pelos seus custos diretos e indiretos.

Esta doença complexa e multifatorial é um dos principais problemas do século XXI, tendo já atingido proporções epidémicas. No contexto nacional, o estudo mais recente revela que 22 por cento dos portugueses têm obesidade e 34 por cento pré-obesidade (estado em que um indivíduo já se encontra em risco de desenvolver obesidade), ou seja, cerca de 60 por cento da população nacional tem obesidade ou vive em risco de desenvolver esta condição.

Estima-se que mais de 20 por cento da população mundial será obesa em 2025 se nada for feito para travar esta evolução. A incidência crescente da obesidade infantil na Europa é particularmente preocupante uma vez que é um forte preditor de obesidade na idade adulta antecipando o risco e as consequências desta doença - diabetes, hipertensão arterial, apneia do sono, acidentes vasculares cerebrais, enfarte agudo do miocárdio, determinados tipos de cancro ou depressão.

Fonte: Sociedade Portuguesa Para o Estudo da Obesidade

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