Agora, um grupo de cientistas internacionais, na sua maioria brasileiros, descobriu que extratos da fruta brasileira açaí podem reduzir os parasitas no sangue e prolongar a sobrevivência. Os testes até agora foram feitos apenas em animais de laboratório, mas os resultados são animadores o suficiente para levar a pesquisa a uma nova etapa.

O açaí é nativo do Brasil e curandeiros tradicionais já usam as frutas para tratar os sintomas da malária há séculos. Nos últimos anos, o alto conteúdo antioxidante da fruta aumentou a sua popularidade fora do país.

Essa atividade antioxidante tem origem principalmente nos polifenóis, compostos que têm sido associados a benefícios à saúde, como perda de peso, prevenção de doenças cardiovasculares e diminuição do risco de cancro.

Letícia Ferreira e colegas das universidades de Campinas (Unicamp) e da Universidade A&M do Texas, nos Estados Unidos, extraíram polifenóis das bagas de açaí e depois aplicaram os extratos a culturas de parasitas da malária cultivadas numa placa de Petri.

A equipa constatou que uma classe de polifenóis chamados fenólicos de nonantocianinina inibiu o crescimento dos parasitas da tanto sensíveis quanto resistentes à cloroquina.

Em seguida, os cientistas administraram oralmente os polifenóis de açaí a ratinhos infetados com [malária. O tratamento reduziu a carga parasitária no sangue dos animais em 89,4 por cento, em comparação com os ratinhos não tratados.

Todos os animais que receberam polifenóis sobreviveram por mais de 15 dias, enquanto nenhum dos não tratados sobreviveu.

Os extratos de açaí parecem interferir na homeostase proteica dos parasitas ou no equilíbrio entre produção e degradação de proteínas, dizem os pesquisadores. Este será o tema seguinte da sua pesquisa, antes de partir para os testes em humanos.