Cientistas do Centro Médico Beth Israel Deaconess, em Boston, nos Estados Unidos, avaliaram o papel da ingestão de bebidas cafeinadas como um potencial gatilho para enxaqueca usando dados de 98 participantes (idade média de 35,1 anos) que apresentavam quadro de enxaqueca episódica e que completaram pelo menos seis semanas de anotações sobre os seus episódios (março de 2016 a outubro de 2017).

Os participantes relataram 825 enxaquecas em 4 467 dias de observação. Os pesquisadores observaram uma associação significativa e não-linear entre o número de bebidas cafeinadas e as probabilidades de ocorrência de enxaqueca naquele dia. Houve variação nas associações por ingestão habitual e uso de contracetivos orais.

Uma ou duas porções de bebidas com cafeína não foram associadas a dores de cabeça nesse dia, enquanto três porções podem estar associadas a maiores chances de dores de cabeça, mesmo após o ajuste para ingestão diária de álcool, stresse, sono, atividade e sangramento menstrual. Houve um padrão semelhante para associações entre bebidas cafeinadas e dores de cabeça no dia seguinte.

Portanto, o estudo concluiu pela ocorrência de uma associação não linear entre a ingestão de bebidas com cafeína e as probabilidades de ocorrência de dor de cabeça de enxaqueca naquele dia.

Isso sugere que altos níveis de ingestão de bebidas cafeinadas podem desencadear dores de cabeça de enxaqueca naquele dia.

Mais pesquisas serão ainda necessárias para examinar o efeito potencial da cafeína sobre o início dos sintomas nas horas subsequentes e a interação entre sono, cafeína, ansiedade, fatores ambientais e enxaqueca, segundo o estudo.