Antibióticos podem reduzir eficácia da vacina contra a gripe
A toma de antibióticos pode reduzir a eficácia da vacina contra a gripe, revela um estudo de investigadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Este efeito pode ocorrer devido ao impacto que os antibióticos têm sobre as bactérias intestinais benéficas.
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A destruição das bactérias comensais pelos antibióticos parece deixar o sistema imunológico menos capaz de responder a novos desafios, o que inclui microrganismos desconhecidos e as próprias vacinas, cujo objetivo é treinar o sistema imune para lidar com agentes patogénicos específicos.
“Até onde sabemos, esta é a primeira demonstração dos efeitos dos antibióticos de amplo espetro na resposta imune em humanos - nesse caso, a nossa resposta à vacinação - induzida diretamente pela perturbação das nossas bactérias intestinais”, explicou Bali Pulendran, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford.
Quando se trata de responder à vacinação contra um patógeno infecioso identificado anteriormente, o nosso sistema imunológico é notadamente resistente, mesmo diante do esgotamento mais grave das nossas bactérias intestinais.
Para verificar se uma baixa contagem de bactérias intestinais poderia representar um obstáculo maior à capacidade do sistema imunológico de responder a agentes patogénicos novos numa vacina - como novas cepas virais contidas na vacina sazonal da gripe - do que aquelas que o sistema imunológico se “lembrava” de ter contactado anteriormente, a equipa de Pulendran recrutou voluntários cujo baixo nível de anticorpos contra a gripe indicava uma baixa exposição prévia ao vírus ou à própria vacina.
Nenhum dos voluntários havia recebido vacina contra a gripe pelo menos nos últimos três anos. Cinco indivíduos receberam antibióticos de amplo espectro e outros seis serviram como controlo, sem tomar antibióticos. Todos foram depois vacinados contra a gripe.
A contagem de bactérias intestinais nos indivíduos que tomaram antibióticos diminuiu significativamente e apareceu uma grande mudança nos níveis de um subtipo de anticorpo responsável por combater o vírus influenza: esse subtipo não conseguiu crescer no sangue em resposta à vacina.
Notadamente, o défice desse subtipo de anticorpo correlacionou-se fortemente com as reduções pós-antibióticas nas bactérias intestinais totais, bem como na flagelina, a proteína bacteriana, nas amostras de fezes dos voluntários - um proxy para a abundância microbiana no intestino.
“O estudo indica que, quando se trata de responder à vacinação contra um patógeno infecioso encontrado anteriormente, o nosso sistema imunológico é notadamente resistente, mesmo diante do esgotamento mais grave das nossas bactérias intestinais”, afirmou Pulendran.
“Contudo, o sistema imunológico parece perder essa resiliência quando confrontado com uma vacina que contém novos elementos patogénicos relativamente aos quais tem pouca ou nenhuma ‘memória’ prévia”, sublinhou.