Glifosato associado a doenças graves em cobaias
Cientistas da Universidade Estadual de Washington, nos Estados Unidos, descobriram uma variedade de doenças e outras condições que afetam a saúde na prole de segunda e terceira gerações de ratos expostos ao glifosato, o herbicida mais popular do mundo e o mais usado em Portugal.
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As crias dos animais expostos ao glifosato desenvolveram doenças da próstata, dos rins e do ovário, obesidade e anormalidades de nascimento.
O investigador Michael Skinner e os seus colegas expuseram as fêmeas prenhes ao herbicida entre o oitavo e o 14.º dia de gestação. A dose - metade da quantidade que se estima não apresentar nenhum efeito adverso à saúde - de facto não produziu efeitos nocivos aparentes sobre os pais ou a primeira geração de crias. Mas houve “aumentos dramáticos” em várias patologias que afetaram a segunda e terceira gerações, destacaram os autores o estudo.
A segunda geração teve “aumentos significativos” nas doenças dos testículos, ovários e glândulas mamárias, bem como na obesidade. Nos machos de terceira geração, os pesquisadores observaram um aumento de 30 por cento nas doenças da próstata - três vezes o da população de controlo. A terceira geração de fêmeas teve um aumento de 40 por cento nas doenças renais, ou quatro vezes a dos controlos.
Mais de um terço das mães de segunda geração tiveram gravidezes malsucedidas, com a maioria delas a morrer. Dois de cinco machos e fêmeas na terceira geração eram obesos.
Os investigadores chamaram a esse fenómeno “toxicologia geracional” e registaram-no ao longo dos anos associado a fungicidas, pesticidas, combustível para aviação, o composto plástico bisfenol A, o repelente de insetos DEET e o herbicida atrazina.
Segundo os cientistas, o mecanismo envolve mudanças epigenéticas que ligam e desligam os genes, muitas vezes por causa de influências ambientais - o mecanismo da herança epigenética só foi comprovado pelos cientistas há dois anos.
“A capacidade do glifosato e outros agentes tóxicos ambientais para impactar as nossas futuras gerações precisa de ser considerada e é potencialmente tão importante quanto a toxicologia da exposição direta feita hoje para a avaliação de risco”, escreveram os investigadores num artigo publicado na revista Nature Scientific Reports.