CALORIAS

Alimentos ultraprocessados fornecem 500 calorias extras ao dia

Devido à rotina acelerada, muitas pessoas preferem optar pela conveniência de refeições mais fáceis e rápidas de preparar, como comida congelada, nuggets e refrigerantes.

Alimentos ultraprocessados fornecem 500 calorias extras ao dia

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LOMBRIGAS (ASCARIDÍASE)

Esse tipo de alimentação é geralmente baseada em alimentos ultraprocessados, que, além de convenientes, tendem a ser mais baratos. No entanto, esses produtos fornecem mais de 500 calorias extras por dia, o que leva ao ganho de peso, apontou estudo inédito publicado na revista Cell Metabolism.

A equipa de cientistas que realizou o estudo revelou também que indivíduos cuja dieta é baseada em alimentos dessa categoria podem ganhar até dois quilos por mês.

Um dos possíveis motivos para esse resultado reside no fato de que alimentos processados são macios e fáceis de mastigar, fazendo com que as pessoas comam mais rápido. Essa rapidez provoca um atraso na atuação do intestino – que tem como missão “informar” ao cérebro que a quantidade de alimento ingerida foi suficiente. Portanto, esse processo ocorre mais tarde do que deveria e contribui para o consumo de calorias extras.

O achado surpreendeu a equipa. Inicialmente, os pesquisadores esperavam que o motivo do ganho de peso estivesse associado à presença de uma grande quantidade de ingredientes como alto teor de sódio, açúcar e gordura, que deixam a comida mais saborosa e, portanto, promovem maior ingestão alimentar.

“Fiquei surpreso com os resultados. É o primeiro teste que pode realmente demonstrar a existência de uma relação causal entre os alimentos ultraprocessados ​​- independentemente desses nutrientes – que levam as pessoas a comer demais e ganhar peso”, comentou Kevin Hall, principal autor do estudo, à revista Time.

Os resultados são preocupantes, já que pesquisas anteriores tinham já associado a ingestão de alimentos ultraprocessados a um maior risco de obesidade, cancro, doenças autoimunes e até mesmo morte prematura. Por causa disso, os especialistas recomendam a redução desses alimentos na dieta.

Ao longo de um mês, os cientistas mantiveram vinte pessoas num centro de pesquisa para controlar todas as refeições que faziam. As observações foram realizadas em duas partes: na primeira, que durou catorze dias, alguns participantes foram submetidos a refeições compostas somente por alimentos ultraprocessados, enquanto a outra parcela tinha uma alimentação minimamente processada.

Ambas as modalidades de refeição tinham as mesmas quantidades de calorias, açúcares, fibras, gorduras e hidratos de carbono. Por exemplo, o pequeno-almoço menos processado poderia conter aveia com banana, nozes e leite desnatado, enquanto a ultraprocessada consistia num pão americano (bagel) com cream cheese e bacon de peru.

Na segunda parte do estudo, que também durou catorze dias, houve uma troca: aqueles que só comeram ultraprocessados passaram a ingerir apenas os minimamente processados e vice-versa.

Nas duas fases, todos os participantes foram orientados a comer à vontade (muito ou pouco, qualquer que fosse a preferência). Eles também foram submetidos às mesmas quantidades de exercício físico diariamente.

A análise das observações mostrou que os participantes na dieta ultraprocessada consumiram 508 calorias a mais por dia, em comparação com aqueles que estavam sob a dieta menos processada. Os pesquisadores ainda notaram que, ao final dos 14 dias (na primeira e na segunda fase do estudo), eles haviam ganhado cerca de 900 gramas.

Já aqueles submetidos à dieta rica em alimentos menos processados perderam cerca de 900 gramas. De acordo com a pesquisa, o género dos participantes, a ordem em que foram submetidos às dietas e o índice de massa corporal (IMC) não influenciaram na quantidade diária de calorias ingeridas.

Apesar de os participantes se sentirem satisfeitos e bem alimentados com ambas as dietas, a equipa notou que o comportamento de hormonas envolvidas no processo de saciedade mudou de acordo com a dieta realizada.

Enquanto na dieta ultraprocessada o intestino não atuava de forma convencional, na dieta menos processada notou-se um aumento da hormona PYY – cuja função é suprimir o apetite – ao mesmo tempo que houve uma diminuição da grelina (hormona da fome).

“As pessoas reduzem naturalmente a ingestão de calorias, o que gera perda de peso e gordura corporal, sem que precisem controlar as calorias”, explicou Hall. Essa observação poderia explicar o aumento no ganho e perda de peso dos participantes. Ainda assim, os pesquisadores não sabem dizer por que as mudanças hormonais ocorrem. 

Outra possível explicação para o ganho de peso está na baixa quantidade de proteínas ingeridas. Os cientistas notaram que, embora houvesse semelhança nutricional entre os dois tipos de dieta, a menos processada tinha um pouco mais de proteína. Portanto, para os indivíduos na dieta ultraprocessada, a maior ingestão calórica poderia estar associada à necessidade do organismo de adquirir uma determinada quantidade de proteína.

Ainda que os resultados sejam importantes, a equipa salienta que o estudo teve limitações, especialmente no que diz respeito aos motivos que levam às pessoas a escolherem comida processada, como custo, conveniência e habilidades culinárias.

Para as classes económicas menos favorecidas, por exemplo, uma refeição composta por alimentos mais naturais ou menos processados é mais cara, em comparação com uma maior quantidade de ultraprocessados.

Além disso, indivíduos pertencentes a essas classes dispõem de menos tempo para cozinhar devido ao longo deslocamento até ao local de trabalho e vice-versa. Isso é mais um ponto a favor dos ultraprocessados: a sua preparação é rápida, pelo que acabam por ser mais convenientes.

Especialistas e entidades de saúde governamentais recomendam a redução do consumo de alimentos ultraprocessados, considerando questões de saúde. Para os pesquisadores, outros fatores devem ser levados em conta na hora de desenvolver diretrizes alimentares.

“As políticas que desencorajam o consumo de alimentos ultraprocessados ​​devem ser sensíveis ao tempo, habilidade, despesa e esforço necessários para preparar refeições de alimentos minimamente processados ​​- recursos que, muitas vezes, são escassos para aqueles que não pertencem a classes socioeconómicas mais altas”, afirmou o investigador.

Fonte: Veja

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