Criado dispositivo capaz de identificar células cancerígenas
A cientista brasileira Lívia Schiavinato Eberlin, formada em Química pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), inventou um novo aparelho médico, similar a uma caneta, que identifica células cancerígenas.
Todo o desenvolvimento do aparelho foi feito nos Estados Unidos, onde a cientista reside há dez anos, desde que se mudou para fazer o seu doutoramento na Universidade do Texas, em Austin.
O instrumento sinaliza a presença de células cancerígenas em poucos segundos, tendo apresentado ótimos resultados ao ser utilizado em centenas de amostras extraídas de tecido humano.
A investigadora conseguiu destaque na comunidade científica nos Estados Unidos ao ser uma das selecionadas para receber a prestigiada bolsa da Fundação MacArthur, conhecida como “bolsa dos génios” e destinada a profissionais com atuação destacada e criativa na sua área.
Denominada por MacSpec Pen, a caneta indica, durante uma cirurgia oncológica, se todo o tecido tumoral foi removido do corpo do paciente, já que nem sempre é possível visualizar a olho nu a extensão limitante da área afetada e o tecido saudável.
Atualmente, essa análise é feita por um patologista que leva em torno de 30 a 40 minutos para verificar - durante a cirurgia, com o paciente exposto a riscos cirúrgicos - se todo o tumor foi retirado.
O dispositivo portátil identifica o perfil molecular dos tecidos usando uma análise de gotículas de água e espectrometria de massa de pequeno volume. Após três segundos de contato físico suave com uma superfície de tecido, a gotícula de água é transportada para um espectrómetro de massa, que caracteriza as proteínas de diagnóstico, lípidos e metabolitos.
Com a utilização de inteligência artificial, usando um algoritmo de aprendizagem de máquina, um diagnóstico é fornecido com uma probabilidade associada de presença de cancro.
“Na primeira fase da investigação, analisámos mais de 200 amostras de tecido humano e verificámos uma precisão de identificação de cancro de 97 por cento”, afirmou a cientista, que estima que ainda deve demorar de dois a três anos para que a caneta seja lançada como um produto, desde que os resultados obtidos em laboratório sejam confirmados nos testes clínicos que estão a ser realizados.