Fungo mortal está em expansão a nível mundial
Um fungo resistente a medicamentos e que pode ser fatal para pessoas com imunidade comprometida está a espalhar-se a nível mundial. Em causa está o Candida auris, descoberto em 2009, mas que está a chamar a atenção dos médicos, cientistas e autoridades de saúde porque é resistente a praticamente todos os antifúngicos conhecidos.
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O alarme soou quando o fungo se espalhou num quarto de um hospital de Londres, no Reino Unido e resistiu a uma quarentena. Para o exterminar, foi necessário trocar até partes do teto e dos ladrilhos do piso.
Depois de ter aparecido na Coreia do Sul e no Japão, agora já há relatos de surtos na Índia, na África do Sul, na Venezuela, na Colômbia, nos Estados Unidos, no Reino Unido e em Espanha.
“Uma disseminação assim simultânea não tem precedentes. E o que mais nos preocupa é que todas as variantes mostraram uma forte resistência aos medicamentos”, alertou a professora Johanna Rhodes, do Imperial College de Londres, no Reino Unido.
O fungo Candida auris é da mesma família do Candida albicans, um dos principais causadores de candidíase, mas são espécies bem diferentes.
A candidíase por C. albicans é uma doença comum que pode afetar a pele, as unhas e órgãos genitais, e é fácil de tratar. Já a infeção pelo Candida auris é resistente a medicamentos e pode ser fatal, sobretudo para pacientes com imunidade baixa ou em internamentos longos.
O infetologista e especialista em contaminação por fungos Alberto Colombo, explicou que é relativamente fácil ser contaminado pelo C. auris através da pele ou da mucosa. O fungo representa risco real de morte se contaminar a corrente sanguínea.
Para a pessoa ser infetada, é preciso que tenha sofrido procedimentos invasivos (como cirurgias, uso de cateter venoso central) ou tenha o sistema imunológico comprometido.
Pacientes internados em unidades de cuidados intensivos por longos períodos e com uso prévio de antibióticos ou antifúngicos também são considerados grupo de risco para a contaminação.
Alguns estudos apontam para um índice de mortalidade de 59 por cento para infeções com C. auris, referiu o médico André Mário Doi, patologista do setor de microbiologia do Hospital Albert Einstein, no Brasil, e autor de estudos sobre a espécie.
Mais de 90 por cento das infeções causadas pelo C. auris são resistentes a pelo menos um medicamento, enquanto 30 por cento são resistentes a dois ou mais fármacos.