DEPRESSÃO

Sintomas depressivos atingem principalmente raparigas

Uma investigação desenvolvida na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) detetou uma elevada prevalência de sintomas depressivos nas raparigas aos 13 anos, duas vezes mais elevada do que nos rapazes da mesma idade.

Sintomas depressivos atingem principalmente raparigas

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“Os valores da prevalência de sintomas depressivos logo numa idade inicial da adolescência, aos 13 anos, foram surpreendentes, tanto em raparigas, como em rapazes, mas de uma forma mais significativa em raparigas”, afirmou Cláudia Bulhões, responsável pelo estudo.

De acordo com a investigadora e médica de família, 18,8 por cento das raparigas sofrem de sintomas depressivos aos 13 anos de idade. Os mesmos sintomas afetam 7,6 por cento dos rapazes.

“Já aos 13 anos esta prevalência era duas vezes superior nas raparigas do que nos rapazes”, sublinhou.

Cláudia Bulhões concluiu também que “estes sintomas depressivos não acontecem de uma forma episódica, isto é, eles vão ter implicações ao longo da adolescência. Os adolescentes que tinham sintomas depressivos aos 13 anos, a maioria apresentava também sintomas depressivos aos 17 e acabava por ter repercussões aos 21 anos”.

As conclusões integram a tese de doutoramento intitulada “Depressive Symptoms in Adolescents”, da autoria de Cláudia Bulhões, investigadora da FMUP.

De acordo com o estudo, aos 17 anos de idade, a prevalência de sintomas depressivos foi de 17,1 por cento nas raparigas e 5,3 por cento nos rapazes.

Aproximadamente seis por cento das raparigas e dois por cento dos rapazes apresentavam sintomas depressivos nos dois momentos de avaliação.

Cerca de 35 por cento dos adolescentes com sintomas depressivos aos 13 anos apresentavam sintomas depressivos quatro anos mais tarde.

Cláudia Bulhões verificou ainda que os participantes com níveis mais elevados de sintomas depressivos na adolescência apresentaram piores resultados sociais e de saúde no início da vida adulta.

Os sintomas depressivos afetaram sobretudo rapazes com história familiar de depressão e raparigas com hábitos tabágicos e cuja menarca (primeiro ciclo menstrual) surgiu numa idade mais precoce.

“Os resultados enfatizam a importância do reconhecimento dos sinais e sintomas de depressão, principalmente no início da adolescência”, defendeu a investigadora.

Como tal, a tese de doutoramento de Cláudia Bulhões pretende contribuir para um melhor conhecimento da epidemiologia dos sintomas depressivos na adolescência em Portugal.

“É importante criar uma ferramenta que nos auxilie na avaliação desta questão, de uma forma estruturada, ao nível das nossas consultas, identificando estes adolescentes numa fase inicial de desenvolvimento do quadro, para que, realmente, possamos desenvolver estratégias no tratamento ou orientação”, sustentou.

No estudo participaram 2 492 pessoas, avaliados aos 13, 17 e 21 anos de idade. Foram considerados todos os adolescentes nascidos em 1990, que frequentavam escolas públicas e privadas da cidade do Porto.

Fonte: Lusa

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