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Raparigas sentem-se mais gordas mas há mais rapazes com peso a mais

As raparigas portuguesas são as que se sentem mais gordas, mas há mais rapazes com excesso de peso, revela um estudo, segundo qual quase 70 por cento dos adolescentes portugueses têm peso normal.

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“Terão os adolescentes portugueses uma alimentação adequada?” é o título da investigação integrada no estudo Health Behaviour in School aged Children (HBSC), um inquérito realizado de quatro em quatro anos em 48 países, em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre os comportamentos dos adolescentes.

Caracterizar os hábitos alimentares e perceções relativas ao corpo dos adolescentes foi o objetivo do estudo, que envolveu 6 997 alunos (51,7 por cento meninas) dos 6.º, 8.º e 10.º anos de escolaridade.

Segundo o estudo, 54,7 por cento dos adolescentes percecionam-se como tendo o corpo ideal. As meninas são as que mais se percecionam como estando “um pouco” gordas (28,5 por cento versus 21,6 por cento) e os rapazes “um pouco” magros (11,8 contra 17,3 por cento).

Ao longo da escolaridade, mais adolescentes tendem a considerar o seu corpo um pouco gordo ou muito gordo e uma menor percentagem considera ter um corpo ideal, refere o estudo divulgado a propósito do 10.º Congresso Internacional de Psicologia da Criança e do Adolescente, que decorre esta quarta e quinta-feira, dias 10 e 11 de abril, em Lisboa.

Cerca de 45 e 33 por cento dos adolescentes reportaram comer diariamente frutas e vegetais, respetivamente, enquanto um quarto disse consumir doces e colas (refrigerantes) quase todos ou todos os dias, sendo as raparigas a referirem um consumo mais frequente.

Ao longo da escolaridade, menos adolescentes referem tomar o pequeno-almoço diariamente e mais jovens dizem nunca o fazerem.

O estudo concluiu que “os adolescentes portugueses têm comportamentos alimentares desajustados ao recomendado para esta faixa etária e que o excesso de peso e a imagem corporal são um problema relevante nesta população”.

Em declarações à agência Lusa, Nuno Loureiro, um dos autores do estudo, afirmou que existem alguns alunos que “não têm claro que têm excesso de peso, e se percebem [que o têm] terão a perceção que está sob controlo”.

“Alguns destes alunos poderão ser atletas, e com a pressão por obter um corpo ‘Ronaldo’” ou “simplesmente porque a sua modalidade assim o determina, têm práticas intensas de exercício com grande predomínio de ganho muscular, algo que influencia e muito a fórmula de cálculo de IMC [Índice de Massa Corpora]”, disse o professor do Instituto Politécnico de Beja.

Estes alunos entrarão no indicador em excesso de peso, mas terão satisfação com o seu peso, explicou.

Também podem existir alunos que efetivamente estão com excesso de peso, mas gostam de si: “estão satisfeitos como estão e são mais resistentes à mudança, digamos que podem ser classificados com estando no estado pré-contemplativo”, adiantou.

“A perceção da imagem do corpo não está muitas vezes ligada ao valor da classificação do IMC, pois os jovens apresentam um valor normal e continuam a reportar estarem insatisfeitos com o seu corpo”, sublinhou.

Nuno Loureiro advertiu que o indicador excesso de peso “não pode nem deve ser visto como uma correspondência inversa para a ideia de corpos bonitos, corpos de modelos ou da procura de abdominais de ferro, porque devido a fatores genéticos e outros fazem com que esta tarefa seja muito difícil para muitos”.

Considerou ainda “preocupante” 15,8 por cento dos adolescentes terem excesso de peso e 3,1 por cento obesidade, defendendo “estratégias efetivas” de apoio, como gabinetes multidisciplinares na escola, onde se concilie uma abordagem estruturada para alteração destes indicadores, “mas num ambiente sem culpas ou dramas, incentivando a adoção de estilos de vida saudável”.

A coordenadora do estudo HBSC em Portugal, Margarida Gaspar de Matos, acrescentou que ter uma alimentação saudável e moderada, rica em fibras e com baixo teor de gordura sal e açúcar, a par da atividade física, é essencial para combater o excesso de peso, mas reconheceu que, muitas vezes, é difícil pôr em prática na escola e em casa.

“Temos já conhecimento científico (dos profissionais e dos alunos), mas é difícil pôr em prática”, porque, muitas vezes, existe “um ‘ambiente’ não solidário ou não amigável” da alimentação saudável.

Fonte: Lusa

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