Doentes de Parkinson são tratados com terapia de estimulação elétrica
Mais de 500 doentes de Parkinson em Portugal são tratados com uma terapia de estimulação elétrica do cérebro, que está a evoluir para se tornar mais exata, permitindo reduzir os tremores.
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O neurocirurgião António Gonçalves Ferreira, do Hospital de Santa Maria, afirmou a jornalistas à margem de um encontro que “a taxa de sucesso é variável, mas situa-se acima dos 60 por cento”, nos casos de pessoas que sofrem da doença degenerativa do cérebro.
Circunstâncias como a greve cirúrgica dos enfermeiros e “a falta de anestesistas” significam que, desde o ano passado, que não são colocados os elétrodos no cérebro necessários para aplicar a terapia.
Os doentes recebem os elétrodos através de cirurgias planeadas - “habitualmente, três por semana” -, e o facto de não serem cirurgias urgentes faz com que sejam remetidas para segundo plano.
Acresce a isso o facto de serem cirurgias muito demoradas, que requerem um dia inteiro, fazendo com que não tenha o caráter de emergência de outras cirurgias, como operações a tumores, hemorragias ou traumatismos.
Em Santa Maria (Lisboa) e São João (Porto), surgem “30 a 40 novos casos por ano” em que se aplica através do Serviço Nacional de Saúde esta terapia “muito eficaz e válida” que compensa mecanismos cerebrais que estão avariados.
“Há dez anos, só se usava em casos em que se tinham esgotado as possibilidades de tratar com medicamentos, mas hoje usa-se cada vez mais antes disso”, referiu.
O neurologista alemão Jens Wolkmann afirmou que se trata de usar “correntes elétricas muito pequenas” para se estimular e influenciar neurónios em áreas medidas em milímetros cúbicos.
A terapia, que tem cerca de 30 anos, permite, em alguns casos, que pessoas que já tinham tremores ou contrações involuntárias associadas à distonia regressem ao trabalho.
Quando lhes é aplicada a estimulação cerebral profunda, os doentes são operados para lhes ser instalado um elétrodo com 1,2 milímetros de diâmetro no cérebro e uma ligação através da qual recebem os estímulos a partir de um controlo remoto.
O novo caminho da tecnologia utilizada é usar elétrodos que conseguem dirigir melhor o impulso elétrico às zonas do cérebro doentes, sem ter impacto nas outras que não estão afetadas.
“É fácil provocar efeitos adversos”, reconheceu o clínico alemão, acrescentando que é possível medir as melhoras ao nível do movimento, mas que também pode ser usada em casos de distúrbios psiquiátricos como o distúrbio obsessivo-compulsivo ou a síndrome de Tourette.
Os especialistas frisam que a estimulação cerebral profunda não ataca as causas das doenças degenerativas, mas alivia os sintomas.